Nem o Diabo se Salvou!
CHAPO
Muitas são as faces que lhe atribuem, muitas são suas origens e muitos são seus fins.
Lúcifer, o arcanjo que desceu dos céus para colocar Xena em seu trono por direito e trazer a ordem ao mundo dos homens foi corrompido pelos sete pecados capitais e transformado em um monstro horrendo temido pelos quatro cantos do mundo.
Existem várias teses de onde surgiu e quem inventou Lúcifer. Desde um rei Assírio na Babilônia mencionado na profecia de Isaías no capítulo 14 da bíblia que foi mal traduzido de estrela da manhã para Lúcifer, causando a confusão, até a junção de vários deuses zoroástricos, egípcios e gregos misturados e deturpados de modo a conceber essa imagem chifruda e bizarra de um ser maligno que todos conhecem.
Em Xena ele é um ser arrogante. O melhor, o mais belo e inteligente de todos. E como sabemos muito poder sempre sobe a cabeça. Ele quer sim fazer a vontade de deus, mas somente para se provar melhor que os outros arcanjos.
Miguel, aparentemente ordenado por Deus, permite que Lúcifer vá de encontro à Xena para colocá-la em seu devido lugar. Mas, não contrariando sua fama de persuasiva, Xena o convencer de que ficar na Terra e governar o mundo e o inferno seria muito mais divertido e interessante do que passar o resto da eternidade acatando ordens.
Particularmente acho essa manobra tão genial quanto a que ela usou contra as fúrias salvando sua sanidade. Com aquele jeitinho que só Xena tem, é impossível recusar a idéia de governar uma legião de homens ao seu lado e ainda dispor de empregados, bebida, sexo e muita perversidade.
Para alguém que nunca havia nem sentido o gosto do vinho, isso é uma overdose de tentações. Tentações da qual Lúcifer não se poupou e, ao longo do episódio, foi enfeitiçado pela luxuria de Xena, pela avareza que ela ofertou juntamente com os prazeres da gula e da preguiça. Com sua inveja pelos outros arcanjos e sua soberba convencendo-se de que era o melhor dentre os melhores, não lhe restou muita salvação depois de tantos sentimentos humanos em um Arcanjo.
Sua ira o coloca na reta final para sua condenação e sua beleza é tomada, num gesto simbólico de que sua div
indade e proteção lhe foram negadas. Sua danação era inevitável.
Mas, onde há várias religiões, há várias interpretações.
Em Xena Lúcifer queria uma promoção do chefinho para virar querubim. Mas, segundo o catolicismo, Lúcifer já era um querubim.
Outras crenças não atribuem Lúcifer a ser algum, mas a sentimentos negativos ou até mesmo sensações inevitáveis como o prazer, a fome, a inveja.
Em Apocalipse 22:16 está escrito: “Eu, Jesus, … Eu sou a raiz e o descendente de Davi, sou a estrela radiosa da manha.” ; Isso abre uma discussão interessante pois se o próprio Jesus se auto denominou a estrela radiosa da manhã, que também é Lúcifer, este nome não deveria ter sido associado ao mal de forma alguma. Mostra quanta pesquisa é preciso fazer antes de se crer em algo.
Houve também um Bispo chamado Lúcifer, de Cagliari, na Sicília, de 370 a 371, que montou uma doutrina contrária a todo e qualquer contato com os idólatras.
E o satanismo atual nada tem a ver com capuzes pretos e sacrifícios humanos, mas a reuniões de agnósticos e ateus que colocam em pauta as situações do cotidiano da humanidade e as conseqüências na crença de um salvamento milagroso ou um apocalipse sem fundamentos científicos.
O fato é que, seja como for ou com qual nome se atribua a ele, Lúcifer é uma deidade que representa um contraponto ao que julgamos benigno. Mas, sem ele, o ser humano é incompleto. Porque não se pode admirar o belo sem ter visto o grotesco. Ele é, portanto, essencial para nossa salvação.
A nível de curiosidade, o satanismo também tem uma listinha de pecados, sendo estes:
1. Estupidez
2. Pretensão
3. Solipsismo (é a crença filosófica de que, além de nós, só existem as nossas experiências.)
4. Auto-engano / auto-ilusão
5. Conformismo de massa
6. Falta de perspectiva
7. Negligência (ou esquecimento) dos ortodoxos passados
8. Orgulho contra produtivo
9. Falta de estética