Bad Boy

4 - 5 minutes readO ‘adorável’ passageiro sombrio

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Bad Boy Nº 06

 

Serial Killers sempre são alvo de muita curiosidade e dúvida. São loucos ou apenas cruéis? Desalmados? Lavados de emoção?

E quando um serial killer trabalha exatamente junto de seus maiores “inimigos”, as pessoas da lei, os tiras?

Essa premissa foi o que despertou meu interesse em Dexter, personagem da série homônima, baseada nos livros de Jeff Lindsay. Eu sempre ouvia falar da série, mas nunca tinha dado muita atenção até que resolvi ver do que se tratava. Lendo uma sinopse qualquer, e sendo muito interessada em personagens complexos, resolvi deixar de lado meu preconceito por séries de 50 minutos do Showtime, canal que eu julgava como produtor de séries onde a maioria dos personagens eram superficiais.

Existem séries que você precisa assistir uns 3 episódios ou até mesmo uma temporada inteira para começar a se interessar e gostar realmente. Dexter em 15 minutos já tinha me ganhado como espectadora.

Para entender essa fascinação que o personagem desperta, é necessário entender primeiramente quem é Dexter: Um geek de laboratório que trabalha pra polícia como analista de dispersão de sangue, um cara com todas as contas em dia, tem a simpatia de todo o Departamento Policial porque leva donuts toda manhã para os amigos, e nas horas vagas tem como hobby…matar pessoas. Mas não qualquer pessoa, é claro, afinal todo Serial Killer tem critérios a seguir, mesmo que sejam os mais sujos imagináveis. Não é o caso de Dexter, entretanto. Seus critérios são…quase aceitáveis. O loiro boa pinta só mata assassinos que a polícia de Miami não consegue prender, não é – diz ele – por uma questão de justiça ou coisa parecida, mas sim porque tem essa necessidade dentro de si, o seu “passageiro sombrio”, que lhe desperta uma sede insaciável de sangue.

Perturbado desde a infância, Dexter é filho adotivo de Harry, um dos melhores policiais da cidade e cresce junto de sua irmã também adotiva, Debra Morgan (uma moça super delicada, educada e fina, só que ao contrário), que segue os passos do pai. A astúcia de Harry o leva a perceber o comportamento estranho do filho (que apenas com 12 anos andou acabando com os cachorros da vizinhança, se é que me entendem) e diante disso toma uma decisão complicada: Ensinar um código a Dexter, o qual tem como regras mais importantes:

1) Não seja pego (afinal Miami, tendo pena de morte, não é um bom lugar pra um serial killer)

2) Tenha certeza. Matar inocentes NUNCA é permitido.

Guiado pelos ensinamentos do pai Dexter vai crescendo e se preparando para a vida adulta, quando finalmente tiraria uma vida humana.

A série começa com o personagem narrando sua vida, envolvo em flashbacks da infância. Como ele se define? Um monstro, incapaz de sentir qualquer emoção ou empatia, mas especialista em fingir, em se passar por normal. Ou seja, o tipo de personagem que costumamos odiar quando assistimos séries como CSI, Cold Case, Law and Order, NCIS e semelhantes. Mas quem consegue odiar Dexter?

E Dexter leva esse fingimento ao extremo, sendo um dos caras mais adorados e bem sucedidos no seu trabalho, um dito cidadão exemplar, tem uma namorada a quem trata com o maior cuidado e “aparenta” adorar crianças. Aparentemente Dexter tem exatamente TUDO para ser um personagem chato de tão bonzinho, se não fosse esse “pequeno” detalhe de sua personalidade.

Perturbador é quando depois de alguns poucos episódios você se dá conta “OMG! Estou torcendo por um assassino! Eu devia torcer pra ele ser pego!”. E aí, episódio após episódio, a gente vai percebendo que aquele “monstro”, sem capacidade de sentir e sem humanidade é mais humano do que os demais personagens. E quando digo “mais humano”, isso se baseia em toda a história de fundo que transformou Dexter no que ele é, uma história brutal e comovente.

A maioria das pessoas que conheço que assistem Dexter, adoram o personagem. Mas como é isso? Somos todos loucos por adorar um psicopata? Como podemos nos sentir agoniados diante do monitor toda vez que ele  QUASE é pego? Nossa obrigação moral é torcer pela lei, e não pelo “bandido”!

Talvez a razão disso é que todos em alguma situação acabem se sentindo um pouco Dexter. Afinal, quem nunca quis matar aquele vizinho infernal? Quem nunca teve que fingir adorar aquela tia que quase te arranca as bochechas toda reunião familiar? Quem nunca se sentiu como um ser deslocado dentro de um grupo de pessoas estranhas? Quem nunca quis poder deixar de “fingir” se importar com algo que socialmente devemos nos importar. Todos temos um “monstrinho” interior que mantemos acorrentados porque somos seres civilizados e humanos, mas isso é Dexter. Um conjunto de facetas que normalmente tentamos esconder, ocultar, porém diferente de nós, “nascido no sangue” e com uma máscara.

A máscara da normalidade? Quem sabe. Mas é inevitável que nos questionemos às vezes se a máscara que Dexter usa não é a do “passageiro sombrio”, tentando encobrir sua humanidade e não o contrário.

6 Comments

  • Pedro Henrique

    Tenho as seis temporadas de Dexter prontas para serem assistidas na oportunidade adequada. Me reservo o direito, a princípio, de dizer que o que me despertou interesse foi justamente a premissa: vilão trabalhando ao lado dos inimigos. 🙂
    Voltarei para comentar o Bad Boy assim que assistir à série!

  • Keka

    Nunca vi essa série, e particularmente não tenho vontade também, embora ouça falar muito dela.
    Tenho todo esse conhecimento já da série por ler algumas coisas, mas nada além na verdade.
    Enfim, um dia quem sabe eu não assista e mude de ideia?

  • Priscilla

    Awwwwwwn, minha segunda série favorita *o*
    Dex é incrível, cara… Ótima matéria! E torço pra que ele não seja pego, pois realmente é mais humano do que os demais personagens.

    Vale muuito a pena conferir! Aproveitem pra ver as 6 temporadas agora, enquanto não chega a 7ª… Estou ansiosíssima desde dezembro… huashuahua

    Assim como Xena, acredito que Dexter também nos ensine muita coisa (além de esconder os rastros ao matar pessoas idiotas :D)

    Love it ♥

  • Aryane Mello

    VIXE, preciso assistir essa série. Com certeza, o Dexter é um personagem incrível, muito bem construido nos livros e talz… Eu cheguei a ver os primeiros 5 minutos da série, mas depois tive que sair do pc por algum motivo e nunca mais peguei. =s Não me mate, nós fizemos um deal. E eu anda cumprirei… =P

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