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6 - 8 minutes readA sétima arte, colorida (3)

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Novo mês, novo artigo!

Nós três agradecemos os comentários nas duas edições anteriores e estamos marcando presença com mais três filmes!

Caso alguém tenha perdido as duas primeiras colunas pode conferí-las nos links:

A sétima arte, colorida (O Segredo de Brokeback Mountain, DEBS e Priscila a Rainha do Deserto)

A sétima arte, colorida (2) (The Runaways, Rocky Picture Horror Show e I Love You Phillip Morris).

Novamente, deixamos avisado que aceitamos convidados na coluna! Basta entrar em contato conosco pelo [email protected] para pegar e lista de filmes a serem vistos pro mês seguinte!

Dados os recados, vamos lá!

 

 FRIED GREEN TOMATOES (1991)

“The secret’s in the sauce!”

Mary

Considero TOMATES a melhor adaptação de livro para cinema que já assisti. Não podemos evitar de nos sentirmos cativados pela carismática Ninny, uma velhinha de 80 anos que muda completamente a vida da desesperada dona de casa de meia-idade, Evelyn Couch, ao lhe contar uma história de amizade, amor e superação cujas protagonistas – Idgie e Ruth – ela conheceu em seu passado.
O filme é uma delícia de assistir, mas nem por isso deixa de ser complexo, abrangindo tantos temas pertinentes como preconceito racial, a Grande Depressão, o despertar da força feminina nos anos 80, o abandono de idosos, e o poder da amizade e do amor. Não tem como assistir Tomates sem ser tomado de uma espécie de nostalgia de algo que não se viveu, e imaginar o quanto seria bom ter vivido em Whistle Stop.
E para aqueles que acham que Xena e Gabrielle foram pioneiras em matérias de subtexto, cinco anos antes em 1990, o diretor dessa obra vencedora de Oscars, já construía lindamente o relacionamento de Idgie e Ruth com esse artifício, relacionamento esse, que no livro é explícito, mas no filme teve que se mostrar mais sutil para não chocar.

Nota: 5,0

Ary

A amizade é o tema principal do filme, do começo ao fim. Tanto entre duas mulheres – com um notável subtexto – quanto entre irmãos e até entre pessoas solitárias que acabam encontrando zêlo e proteção onde jamais imaginariam.
Assim como em XWP, a palavra “almas-gemeas” cai perfeitamente bem em todo o enredo.
Até que ponto você iria para proteger alguém que ama? Essa é a grande questão, que nos deixa boquiabertos e nos perguntando se estamos mesmo demonstrando nossos sentimentos por aqueles que despertam em nós algum tipo afeto.
E, pra finalizar de forma estonteante: Ruth e Idgie são, incomensurávelmente, Uber Xena e Gabrielle.

Nota: 4,5

Titus

Amizade, tristeza, raiva, aflição, coragem. Esses dias eu estava no ponto de ônibuse via carros passar, e tinha muito fuscamarrom enferrujado, e a mata que tem no meio da rua é de um verde fraquinho, de saturação baixa, e isso totalmente me transportou pra “Tomates Verdes Fritos”. O clima, como na década de 1920 mesmo, é bem calminho, vida simples, ainda mais numa zona rural. Mas mesmo com suas partes calmas, o filme me marcou muito com coisas horríveis tipo, que dão MUITA raiva, MUITA tristeza, mas o final do conflito é engraçado, de certa forma. Outra coisa bem legal é que a Idgie adulta é a cara da Idgie criança, bela escolha de elenco. E é lindo ver que uma história contada pode repercutir na sua vida se você apreende a mensagem dela. TOWANDAAA!

Nota: 4,0


 

MÉDIA: 4,5

 

SHELTER (2007)

“You’ll never get what you want unless you take it. “

Mary

Uma mistura bastante leve de drama e romance, quase um Imagine me and you masculino.
Mas apesar de leve, o filme nem de longe se mostra ruim. O protagonista que inicialmente tem a necessidade de se mostrar uma fortaleza para sua família, sacrificando a própria felicidade em prol da irmã e do sobrinho, se desconstrói e aprende que nem sempre ele precisa ser o herói de todas as situações. Aprende que muitas vezes é necessário aceitar o “ABRIGO” emocional advindo de outras pessoa para encontrar a felicidade.Além disso, a história de Zach e de Shaun quebra totalmente o paradigma de que um lar heteronormativo é o lar ideal para uma criança crescer, colocando em contraste a vida conturbada da irmã hipócrita de Zach, presa num relacionamento egoísta que de certa forma coloca o filho em segundo plano, com o acolhimento que o pequeno Cody recebe de Zach e de seu parceiro, cujo relacionamento é altruísta, baseado em respeito às escolhas e proteção.E assim como Imagine me and You, o filme nos mostra que temos muito a aprender com as crianças.

Nota: 3,5

Ary

Shelter pode ser uma boa recomendação para assistir com a família, em um domingo chuvoso. Sim, apesar da temática GLS, o filme retrata isso de uma forma pura e simples. Os atores possuem sintonia e principalmente, depois de assistí-lo, pessoas desinformadas sobre homossexualidade ou um tanto preconceituosas, vão perder suas opiniões negativas sobre gays.

Nota: 3,0

Titus

Praia, skate, grafite, tranquilidade. Vou começar assim minhas pequenas resenhas pra vocês terem uma ideia das coisas que mais me marcam no filme ok? Bem, não tô muito apto pra ficar narrando sinopse, então vou fazer comentários do filme já: primeiro, o Shaun(Brad Rowe) é um gato e me lembra do Ricky Martin; segundo, acho bem legal a maneira como abordam a descoberta sexual do Zach (Trevor Wright), super sutilmente, embora depois tenha sido rápida demais pro meu gosto e o final é lindo! E ahh, hoje eu fui numa chácara e nela tinha o mar… ok um rio, mas parecia o mar, e um cais / píer / estaleiro (como meus amigos chamaram) e eu pude sentir toda a energia de San Pedro #LaIslaBonita e cara, é tão relaxante, tão romântico… ainda mais vendo os casaizinhos lá sabe, deu vontade de ter um namorado… Tô até usando reticências… enfim, “Shelter” é gostoso de ver.

Nota: 3,5


MÉDIA: 3,3

 

BOYS DON’T CRY (1999)

“You were right. Memphis isn’t far at all. “

 

Mary

Reassisti esse filme que tinha visto há anos, especialmente para a coluna, e durante o processo me lembrei de o quanto ele consegue ser SUFOCANTE.
A então desconhecida Hillary Swank deu tudo de si nessa produção ganhadora de Oscars que apesar de ser uma história sufocante e brutal, foi necessária no contexto do final da década de 1999, justamente para EDUCAR uma sociedade que de modo geral não tinha muito conhecimento sobre essa questão apresentada: a crise de identidade de gênero. Não é um filme fácil de ser assistido, ainda mais ao pensarmos que tudo isso de fato ocorreu na vida real e que existiu realmente um Brandon Teena que teve seus sonhos abreviados por causa da ignorância e do preconceito, mas apesar dessa densidade toda, é encantador ver a alegria do personagem principal no momento em que “se encontra”, sentindo a liberdade que o corpo que nasceu não lhe permitia completamente. Outro ponto encantador é o romance entre Brandon e Lana Tisdel, duas pessoas com o mesmo desejo de liberdade, ainda que essa liberdade fosse de natureza diferente, que encontraram conforto uma na outra mostrando que o amor verdadeiro sempre encontra espaço para que entendamos o que nos é desconhecido e possamos superar pensamentos fossilizados.

Nota: 4,0

Ary

Hilary Swank dá um show de interpretação na pele de Teena Brandon/Brandon Teena! É fantástica a dose de realidade impregnada nas cenas, transparecendo sua base, que são fatos reais.
Dramático, o filme nos faz chorar, sofrer e sentir repugnância de certos pensamentos conservadores que são capazes se mudar drasticamente a vida de adolescentes que não se reconhecem no próprio corpo.
Uma lição de vida, porém chocante.

Nota: 3,5

Titus

Crise sexual, amor, machismo, estupro, loucos, agonia. É incrível como um filme me persegue depois que eu o vi. Ontem apareceu no Twitter uma notícia sobre lésbicas no Texas, e apesar de que o conteúdo não venha ao caso, o filme de fato contém temática lésbica e “The bluesteyes in Texas… ♪” e sem preconceito, mas a Teena / o Brandon é um mulherengo que nossa, chega a dar raiva no começo, aí depois fica com o fogo apagado pelo menos. Triste ver como a gente acha que tal pessoa é maior gente boa, mas na verdade não passa de um criminoso doente, como o John, e quantas coisas desnecessárias acontecem sabe, quanta amargura, quanta dor (literalmente também) e o pior de tudo, é que é uma história real. O filme é bom, retrata bem a humanidade das personagens, mas me desculpa, não veria de novo.

Nota:  3,0


MÉDIA:  3,5

 

 

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19 Comments

  • ABarda

    Tomates Verdes Fritos é o meu filme favorito e o meu livro favorito, e eu concordo totalmente com a Mary: é a melhor adaptação de livro pra cinema. A história é emocionante, o elenco e os personagens são muito bons, tem frases marcantes… É perfeito.
    Nunca vi Shelter, vou tentar encontrar.
    E eu ainda não criei coragem pra ver Boys Don’t Cry.
    E eu tenho uma sugestão pra vocês, o filme italiano “O Primeiro Que Disse” (Mine Vaganti). Eu assisti há algumas semanas e achei bem interessante – além do idioma italiano ser lindo. É a história de um rapaz, Tommaso, que planeja contar para sua família que é gay, com esperança de, assim, não precisar trabalhar na fábrica de macarrão, mas as coisas não saem exatamente do jeito esperado. É uma história deliciosa de se ver, com uma trilha sonora caprichada e as belas paisagens do sul da Itália.

  • Pedro Henrique

    Tomates Verdes Fritos é um clássico e, como filme, faz jus a tanto. Nunca tive a oportunidade de ler o livro, mas o filme é belíssimo. Com uma simbologia brilhante.
    Shelter eu acho um filme lindo, mas faz tanto tempo que assisti, que esqueci alguns detalhes referentes à trama. Mas é um dos poucos na temática que me agradam, porque geralmente acho filmes que tratam sobre casais de homens levemente superficiais demais, ou inverossímeis (‘Do Começo ao Fim’, por exemplo).
    Boys Dont Cry eu nao tenho nada a dizer, já que nunca vi o filme. Vou procurar qualquer dia desses! 🙂

  • Robson

    ADOREI!

    Os comentários da Mary nessas resenhas, pôxa… Hera que não pariu! Estão muito bem tecidos, espetaculares! Nos do Tito, a gente nota como ele amadureceu na escrita: orgulho, orgulho! Já a Ary continua a mesma preguiçosa de todo santo mês, escrevendo duas linhas e meia e chamando aquilo ali de esforço literário (hauahsuahsu! Brincadeira, Ary, querida! Adorei você também!)

    Boys Don’t Cry e Shelter são muito conhecidos entre o nosso “meio”! E falando em meio, mês que vem eu quero estar aqui “no meio” de vocês com meus comentários! Só não sei como proceder: todos nós temos que ter assistido ao mesmo filme ou eu posso colocar algo que só eu conheça?

    Lembro que minha melhor amiga amava o VHS de Meninos Não Choram, até um videocassete extra ela arranjou pra copiar pra ela o filme que ela vivia alugando. Anos mais tarde, ela se assumiu lésbica, hehe! A fascinação dela era tanta, mas tanta…!

  • Xeila

    gente, não vi o segundo filme ainda, mas Tomates é de fato um clássico, quase obrigatório…
    quanto a Boys Dont Cry, assim como Tito, também não veria de novo. Eu o tenho em DVD e recomendo e empresto sempre, pq ele realmente tem esse papel de ser educativo, mas é tão chocante pra mim qt Monsters.

  • Alê Chmiel

    SHELTER é tão lindo!! Já vi umas três vezes, e o filme não extrapola o real, deve ser por isso que me agradou tanto, tudo com muita naturalidade.
    TOMATES é de fato um clássico imperdível, belas lições de vida.
    Agora o último, quando tentei ver dormi logo no início (vai ver senti o drama pela frente e “fugi” pra Morpheus…).
    Parabéns, guys, também quero participar e tenho sugestões de filmes! Beijos!

    • Mary Anne

      Então Xeila, acrescentei um sistema de votação ali acima, infelizmente os votos são anônimos.
      Mas você pode votar pelos comentários, se preferir 🙂
      A propósito, obrigada pelas sugestões que mandou por email
      As usaremos com certeza!

  • Ruanna Modesto

    TOWANDAAA! É! Esse filme é um dos melhores que já pude assistir! Lembro-me vendo como minha mãe pela primeira vez, e ela ficou meio sem entender o ‘subtexto’. rsrsrsr Cativa qualquer um que vê. É um filme, como a Mary disse, que aborda tantos temas ao mesmo tempo que, você acaba se envolvendo por inteiro na trama.

    Infelizmente, ainda não tive a oportunidade em assistir os outros dois.
    O artigo está uma beleza! =)

  • Amanda

    Assiti ontem Boys Don’t cry e realmente é um filme muito bom, pesado, porém bom. Já Tomates Verdes Fritos, que acabo de ver, HOLLY SHIT! é um dos melhores filmes que já vi em minha vida, havia escutando sobre o filme há algum tempo porém nunca tinha parado para assistir, a ‘sinopse’ que vocês fizeram me inspirou a ver HAHA e devo lhes agradecer! Li um post no xenaconfessions.tumblr.com que alguém falava que gostaria que o fandom internacional tivesse algo como a RX e tals, então mais uma vez devo lhes agradecer por postarem todo mês um excelente conteúdo, que algumas vezes vai além do Xenite, muito obrigada! :DD

  • leo

    Faz muito tempo q vi tomates verdes fritos, nao lembro mais, so lembro q achei meio longo e q a velhinha do azilo me entristeceu. Shelter nunca vi mas parece legal.Quanto a meninos nao choram, vi e lembro, realmente um filme muito chocante, com uma atmosfera pesada e sufocante, mas gosto de filmes q te fazem sentir algo, seja bom ou ruim.

  • Jasson Alexandreo

    Sem dúvidas sempre é bom ter algo que une a um universo parelelo, na qual possamos assimilar ao “nosso”, o xenite. Não é atoa que Xena na minha infância não tenha feito muito sentido, e na minha adolescência passou a ser vital. Enfim, Parabéns mais uma vez a Mary pela análise, isso sempre me deixa com água na boca.

  • Jasson Alexandreo

    Sem dúvidas sempre é bom ter algo que une a um universo parelelo, na qual possamos assimilar ao \"nosso\", o xenite. Não é atoa que Xena na minha infância não tenha feito muito sentido, e na minha adolescência passou a ser vital. Enfim, Parabéns mais uma vez a Mary pela análise, isso sempre me deixa com água na boca.

  • Giulia Listo

    Adoro essa sessão da RX. Sempre vou em busca de muitos filmes “coloridos” e é legal saber a opinião de outras pessoas.

    Meu favorito dentre os três acima é Tomates Verdes Fritos. Me lembro de chorar feito uma criança no final, e de ser tomada mesmo por uma nostalgia enquanto assistia.
    Aqui em São Paulo, no centro da cidade, existe um restaurantezinho chamado “Tomates Verdes Fritos” e sempre que passo por lá tenho aquela falsa esperança de vê-las na porta, como se um passo a mais me levasse para dentro da história.
    Tenho uma sugestão para a próxima edição da RX: “The Secret Diaries of Miss Anne Lister”. Um filme da BBC lindíssimo, baseado numa história real, que está entre meus favoritos, sem sombra de dúvidas.

  • Tai

    Gente, adorei essa ideia de vocês, dá até vontade de participar, mas irei assistir os filmes que ainda não vi e dar mentalmente a minha opinião. Q
    Enfim, faz um tempo quando Mary insistiu para que eu assistisse ao filme, mas acabei lendo o livro, agora preciso assisti o filme para comparar.

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