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5 - 6 minutes readO Amor e seus Rótulos

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Por Thalita e Yannara

 

Essa coisa estranha que todos conhecem, compartilham e/ou desejam. Algo difícil de explicar, mas fácil de entender. Desde os primórdios da humanidade tem sido necessária para a manutenção da vida, como forma de proteção, demonstração de carinho e de estabelecer relações. Como o tempo vai passando, as coisas vão mudando. O sentimento, contudo, não muda, o que muda é a nossa visão sobre ele.
Nesses tempos atuais tudo é muito explicado, calculado, examinado, identificado, avaliado, medido, ajustado e rotulado. O homem, através de sua razão e seus conhecimentos cognitivos, formou seus valores, valores que com o passar do tempo vão se perdendo, vão sendo destruídos.
Pra tudo tem uma resposta, seja ela científica, religiosa, filosófica, empírica, psicológica, racional etc. Quando não encontram respostas rápidas e racionais ficam discutindo horas e horas tentando impor sua opinião, muitas vezes ignorando a opinião alheia. E me pergunto onde fica o amor entre tantas explicações? Seria possível explicar o amor dentro dessas entidades citadas acima?
O fato é que ainda não existe um E=mc² que explique o amor (se é que é possível explicá-lo). Há realmente uma maneira de explicar algo tão abstrato? Não faltam definições, porém o amor não pode ser definido, e muito menos reprimido.
Cada um tem seu conceito de amor.
Mas o que seria o amor? O que seria isso que todos falam, que todos vêem, que todos conhecem? Ele está em todos os lugares, em filmes, em séries, nas músicas, nas propagandas, nos livros, na história etc. É amor para todos os lados. Atualmente, está tão difundido pela mídia que se tornou um produto (tem até rótulo), explorado e espalhado a todos os cantos. A maioria não trabalha a essência do amor em si, mostrando desilusões amorosas, auto-compaixão ou relacionamentos estereotipados. Nisso XWP ganha pontos, porque soube mostrar um relacionamento da forma tão natural quanto deve ser. Por isso que, na tentativa de resumi-lo, temos dificuldades de encontrar uma palavra certa. Xena e Gabrielle tinham um lindo “alguma coisa”.
O que é o amor?
Eu respondo. O amor não pode ser explicado, simplesmente porque ele é sentido. O amor é; ele simplesmente é. Um sentimento que brota em nós, e não há razão, não há motivos, causas ou pretextos. O amor não pode ser conceituado, ajustado, avaliado, medido, e muito menos rotulado.
É exatamente isso que vemos em nossa série. Esse é um dos grandes ensinamentos que Xena traz a nós. A época em que nossa querida guerreira viveu não tinha tantos conceitos sobre o amor. Os gregos encaravam o amor com mais naturalidade, sem muitas causas para tais sentimentos acontecerem. Por isso que não vemos as rotulações e taxações que ouvimos falar nos dias atuais. A visão do povo da época era mais simplista, eles sabiam que esse famoso sentimento poderia ser sentido por qualquer um e para qualquer pessoa. Sim(!), um homem poderia se apaixonar por outro homem e uma mulher poderia se apaixonar por outra. Apesar de algumas regras e alguns papéis sociais divididos entre os gêneros (homem e mulher), eles tinham essa noção do sentimento, sabiam que o sentimento de amar era espontâneo, natural e perfeitamente normal.

Depois dessa época, vieram todas aquelas entidades citadas acima, e começaram a questionar esse sentimento por normas e limitações, como a religião, que não admitia (e não admite) que iguais se apaixonassem. Simplesmente proibiu. Eu pergunto, como? Como se proíbe algo do ser humano, algo natural, algo nato a ele? Algo tão valioso e necessário, como?E com que direito de fazê-lo? Seria mesma coisa dizer que Xena não pode amar Gabrielle, teria algum sentido isso?
Quando Xena, a grande guerreira de grandiosas batalhas, em um momento em sua vida se encontrava perdida e aceitou a loira, adolescente, falante, curiosa, e até um pouco irritante, para seguir junto a ela, pensou que poderia vir a se apaixonar e amar?
Nós escolhemos quem amamos ou simplesmente isso acontece? Por que se deixar levar por rotulações que foram impostas por aqueles que inventaram tais valores, anulando o sentimento humano? Termos como lésbica, homossexual, bi, hetero, gay etc. Sim, eu posso me apaixonar por uma mulher mesmo sendo mulher, mas não sou lésbica. Essas palavras são carregadas por pré-conceitos formados de valores sem fundamentos. Sou “Cicrana”, um conjunto de comportamentos, pensamentos, ações, sentimentos etc. O fato de gostar de mulher é apenas mais um detalhe sobre meu ser. O mesmo detalhe como todos os outros como: gostar de Rock, da cor azul, de macarrão com queijo, ou não gostar de nada disso. Não levo taxações e rotulações por gostar dessas coisas, porque são ações, gestos, detalhes naturais, ninguém impôs que é certo ou errado, são apenas uma parte do leque de informações que compõem meu ser.
Quem tem o direito de separar as pessoas e decidir o pode ou não? Imagine, por um momento, que decidiram separar toda a humanidade entre os que gostam de azul ou verde, colocassem rótulos para separar esses grupos e impusessem que o Verde era contra os valores morais e regras da nova sociedade, os amantes do Verde teriam que se esconder em meio a um mundo hostil, com medo de perder amizades e ser excluído.Felizmente, somos livres para gostar da cor que queremos.Infelizmente, ainda não há essa mesma liberdade quando se fala em amor.
Porque no caso de gostar de mulher é diferente? Xena e Gabrielle são erradas? Aquele sentimento, verdadeiro, fiel, bonito, forte, caloroso, infinito, esse amor é estranho? Errado? Anormal? Pecado? Passageiro? Limitado?
Ou não seriam esses valores, essas taxações, essas rotulações, essas limitações, esses pré-conceitos inventados, sim porque foram inventados e impostos de forma terrível. A pergunta é o que vocês preferem viver algo seu, ou viver algo dos outros? Xena e Gabrielle viveram algo delas, se dependesse de outros elas jamais estariam juntas (claro que não é o mesmo motivo de hoje, não era o preconceito). Mas, elas lutaram pelo seu amor, amor que simplesmente aconteceu.Em troca compartilharam algo verdadeiro com todas os benefícios que ele poderia trazer: encontraram companhia, calor, apoio, abrigo, amizade, um motivo pelo que lutar, pelo que viver e pelo que morrer.

“O amor é. Ele simplesmente É! Não podem fazê-lo desaparecer, é a razão de estarmos aqui. É o topo da vida. E, quando você chega ao topo e olha para todos lá em baixo está preso nele para sempre, pois se tentar mover-se, você cai você cai…”.

William Shakespeare.

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