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3 - 4 minutes readOs roteiristas simbolistas

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O  Bardo

            Antes de tudo, eu quero agradecer a colaboração da Mary, que me passou uma lista dos símbolos das 5ª e 6ª temporadas.
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Nas últimas semanas minha professora de literatura tem dado aula sobre uma escola literária que realmente me impressionou, o Simbolismo.
O Simbolismo aconteceu no final do Séc. XIX, como uma dissidência do Parnasianismo. Enquanto o movimento parnasianista buscava descrever objetos, assumindo um caráter impessoal, o movimento simbolista buscava mostrar o interior do ser humano, trazendo aos poemas uma atmosfera de sonho. Os simbolistas usavam muitos elementos místicos ou religiosos em seus textos.
Uma das principais características do Simbolismo é justamente aquela que deu o nome ao movimento. O uso de símbolos era constante nos poemas. Isso levava o autor a não explicitar exatamente o que queria dizer com o texto, mas sim, sugeria ao leitor toda a atmosfera interna que o poema carregava. Os símbolos dos textos deixavam uma interpretação nas entrelinhas, e cada leitor pode entender o que quiser…
Quando eu ouvi isso, não pude evitar a comparação: é quase como Xena! Sempre têm os elementos mitológicos, religiosos, místicos. Os episódios eram cheios de símbolos, sem contar no subtexto… Os roteiristas colocavam coisas para serem subentendidas, e nós as interpretamos da maneira que nos convém. O subtexto é bem um exemplo do neo-simbolismo xenite. É, os roteiristas não chegaram a dar uma palavra definitiva no assunto, mas sempre que podiam, deixavam uma palavra aqui, um gesto lá… Nunca faltaram símbolos nos episódios. Procurem! Sempre tem algo que permita uma dupla (ou múltipla) interpretação.
Os símbolos em Xena são incontáveis. Alguns estão muito bem escondidos, que muitos xenites deixam passarem despercebidos, outros símbolos estão mais explicitados. Querem exemplos? Aqui estão alguns:
1ª temporada: O episódio “The Prodigal” revela uma tendência dos roteiristas em incluir religiosidade no seriado. Como esse episódio faz referência à parábola do Filho Pródigo, podemos considerá-lo um exemplo de simbolismo.
2ª temporada: Os símbolos começam a aparecer com mais freqüência. Temos episódios com fatores religiosos, como por exemplo, “Giant Killer” e “A Solstice Carol”; episódios com subtexto (nunca podemos esquecer de “The Quest” e “A Day in Life”) começam a chamar a atenção.
3ª temporada: Símbolos mais macabros com a aparição de Dahak. Temos a inclusão de elementos do folclore céltico, das lendas britânicas e ainda uma possível explicação para o surgimento de Stonehenge. Sem contar os episódios com subtexto (“One Against an Army”!)
4ª temporada: A busca espiritual de Gabrielle leva os roteiristas a incluir símbolos budistas no seriado, como a reencarnação e o karma. Além disso, temos “Paradise Found”, cheio de símbolos escondidos no episódio.
5ª temporada: Outra temporada repleta de símbolos. Desde o primeiro episódio já é possível verificar isso, já que temos o céu e o inferno, anjos e arcanjos e uma sugestão de que Gabrielle assumiria o papel de “Arcanjo Gabriel”. Ainda nessa temporada temos rituais xamânicos; Eli se sacrificando bem do modo Jesus Cristo; Eve é visitada por três magos, numa alusão aos três reis magos que visitaram Jesus recém-nascido. Além disso, ela é batizada, pelo “Batista”,
6ª temporada: Em “Heart of Darkness” Eve carrega o símbolo do peixe, que no início era um símbolo que identificava os cristãos. Esse mesmo episódio faz referência aos sete pecados capitais. Depois temos a trilogia nórdica, um outro símbolo.

Bom, isso tudo é só exemplo. Existem muito mais coisas que podemos achar nas entrelinhas de Xena. Podemos amar ou odiar o rumo que os roteiristas deram para XWP em alguns pontos, mas nunca podemos negar a genialidade deles. Os símbolos que colocaram foram frutos de pesquisa, de estudo, e claro, muita imaginação. Assim como os simbolistas do século XIX, nossos roteiristas tiveram a fórmula de esconder pistas-chave em muitos dos episódios. É por isso que eles merecem toda a admiração dos amantes da literatura.

            Quem se interessou pelo simbolismo, entre no site: www.cruzesousa.com.br , que é dedicado à vida e obra de Cruz e Sousa, o poeta simbolista mais importante na literatura do Brasil. Procurem também por Alphonsus de Guimaraens, autor do poema “A catedral”, um dos mais impressionantes que eu já li.
            Bom, eu fico por aqui. Espero que tenham gostado! 

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