Bitch Power

4 - 6 minutes readQuem disse que toda bruxa é feia e velha?

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Quando se houve o termo “conto de fadas” , a primeira imagem que vem à mente da maioria são aquelas histórias infantis com açucarados finais felizes, popularizados principalmente pela Disney, e mais tarde, parodiados por filmes como “Shrek” e “Deu a Louca na Chapeuzinho“. Poucos sabem, no entanto, que a maioria dos contos que conhecemos tiveram versões bem mais obscuras na antiguidade, muito diferentes das que conhecemos hoje.  Muitos teóricos apontam inclusive, fortes traços de edipismo, sexualidade, dominação, entre outros temas “pesados”  e nada infantis nas obras que a primeira vista não passam de uma historinha ingênua.

Muitos atribuem aos irmãos Grimm boa parte dos contos existentes, mas na verdade sua origem é bastante incerta, uma vez que a maioria se originou como histórias folclóricas, passadas de geração para geração, não apenas como entretenimento, mas como um fator de educação social, inclusive dos adultos. Desta forma, autores como os Grimm, Charles Perrault  e Giambattista Basile não são exatamente os criadores de tais histórias, mas sim responsáveis por algumas de suas inúmeras versões.

Devido a toda essa idéia inicial que se tem quando se fala em contos de fada, para muitos que ouçam falar da série Once Upon a Time, a primeira impressão é a de uma série voltada ao público infantil. Mas peraí, será que algo tão ingênuo e puro sairia das mentes dos mesmos criadores de Lost? Dificilmente! Então não nos enganemos, apesar do próprio nome (Era uma vez, numa tradução livre) ter tudo a ver com contos de fada e a série ter uma boa dose de fofurices, Once Upon a Time não é uma série infantil. Uma série família, talvez, infantil não.

A premissa da série é usar a história da Branca de Neve como esqueleto, e nela fazer as mais variadas conexões com os mais variados contos como Pinocchio, Bela Adormecida, Alice no País das Maravilhas, 101 Dálmatas,  Chapéuzinho Vermelho, Aladin, Cinderella, João e Maria entre outras referências menores, com o diferencial da história ser contada em duas realidades alternadas: O mundo da magia e o nosso mundo real atual, onde não há mágica e ninguém lembra quem é, ou seja, boriiiing… Ou melhor, quase ninguém, alguns personagens, como Henry Mills acreditam piamente que todos ali vivem sob uma terrível maldição que precisa ser quebrada, mas obviamente, ninguém leva o garoto a sério.

E como todo conto de fadas que se preze, sempre tem uma vilã cheia de intenções malévolas, Once Upon a Time não podia ser diferente,  sendo ela obviamente, a Madrasta da Branca de Neve,  a Rainha Malvada, que atende por Prefeita Regina Mills (Lana Parrilla) no mundo sem mágica.

Mais do que ser uma das principais personagens, ela foi (ainda que não sozinha) a responsável pela maldição que trancafiou os personagens de toda história nesse “miserável mundo sem mágica”, ou seja, é uma das forças motoras de todo o enredo.

Previsivelmente, Evil Queen/Regina, passa boa parte da história se bicando com a mocinha da história, mas não por ciúmes do Rei, como no conto clássico, até porque a mocinha da história aqui, não é Branca de Neve, mas sim a FILHA desta, Emma, que na realidade sem mágica, tem por volta de 30 anos, uma bela dose de atitude e outra de teimosia. O principal motivo da guerra constante entre as duas é o próprio Henry citado acima, um garotinho de uns 11 anos, filho biológico de Emma e adotivo de Regina. Com a volta de Emma para o condado de Storybrook, Regina se vê ameaçada, quando o filho volta toda sua atenção para mãe biológica, acreditando que ela – Emma –  tem a missão de quebrar a maldição da Rainha Malvada (sua mãe).

Para os que já conferiram pelo menos um episódio da série, não preciso nem citar que Lana Parrilla dá um show de atuação e beleza, tornando a vida de seus inimigos um verdadeiro pesadelo, se utilizando desde pequenos atos de maldade como mandar e desmandar como bem entende em Storybrook, até ações extremamente malévolas. Mas como podemos odiá-la totalmente, uma vez que sua motivação é em grande parte maternal?

Não vou dar nenhum spoiler aqui, mas ao contrário do que ocorre nos contos clássicos onde a Rainha Malvada é PURAMENTE malvada pela sua própria natureza, aqui vemos que, como a própria personagem cita no episódio 1X18, “Evil isn’t born, it’s made” (“O mau não nasce, ele é criado”), ou seja, ainda que não tão louváveis, ela teve suas razões para se tornar um dos seres mais temidos desse conto de fadas.

Aliás, só os “family issues” que envolvem essa turma já são o suficiente pra ela ficar revoltadinha. Afinal, ela é madrasta da Branca de Neve, se tornou arqui-inimiga da filha da Branca, sua “neta”, com a qual disputa o amor do seu “bisneto” que também é seu filho adotivo.  Ah, vale citar que o tempo em Storybrook passa de maneira diferente, o que possibilita todo esse caos familiar.

E antes que eu seja ameaçada por uma legião de shippers enfurecidas, é válido lembrar que dizem por aí que a tensão sexual entre Regina e Emma rola solta! Já existe até nome para esse ship, SwanQueen (Emma Swan + Evil Queen),  e um fandom ensandecido a cada troca de olhares povoa o tumblr torcendo para  qualquer subtexto possível entre uma cena e outra.

Enfim, quem ainda não conferiu, corra ver a série Once Upon a Tima e conheça uma das vilãs mais adoradas da atualidade. A série já conta com uma temporada completa, e volta possivelmente em setembro desse ano com uma guinada completamente surpreendente em seu enredo.

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