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6 - 8 minutes readUm roteiro diferente para XWP…e outro para você!

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Por Robson Cardoso dos Santos

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Convido-te a deitar no meu divã. Vamos imaginar uma situação? Feche os olhos, respire fundo, relaxadamente, e imagine o primeiro episódio de Xena, o Piloto “Sins of the Past”, da seguinte maneira:

Primeira cena: Xena está num bosque fechado, ajolhada, vestindo apenas suas roupas de baixo. Ela está empurrando sua espada, seu chakram e seu traje de couro para dentro de um buraco recém-cavado. Joga terra em cima dos apetrechos…
Segunda cena: Xena se levanta, monta em Argo e vai embora. Minutos depois, gritos se fazem ouvir na quietude do bosque e meia dúzia de moças aparece, todas acorrentadas umas às outras e escoltadas por um bando de mercadores de escravos.
Terceira cena: Xena chega em Amphipolis, o vilarejo onde nasceu e cresceu. Apesar da mágoa por saber de todas as atrocidades que a filha fizera mundo afora depois de ter deixado o povoado, Cirene recebe Xena de braços abertos, desestimulando o desejo vingativo de seus conterrâneos de linxarem aquela que só trouxe dor e sofrimento não apenas para Amphipolis, mas para muitas nações que, segundo corriam as notícias, Xena conquistara na ponta de sua espada.
Quarta cena: Xena retoma a vida que abandonara aos 17 anos. Trabalha no campo, costura, cozinha, lava, cuida de Argo e dos animais do povoado, dança, canta… Uma moça para se juntar em matrimônio…
Quinta cena: Xena vê os anos passarem. Através das rugas de seu marido e da vitalidade de suas crianças, ela dá-se conta da obra que o tempo gravou na sua vida. A vida comum de uma pessoa comum. Mas e quanto à sua felicidade?

Três… Dois… Um… [Estalando os dedos] Isso, abra os olhos. Muito bem. Como se sentes? Experiência chocante esta, não foi? Não, chocante não é bem o termo que eu usaria… Acho que está mais para improvável. Imagine que série fabulosa teríamos com uma Xena “dona de casa”, montando o enxoval com a mãe, nervosa com os preparativos para o casamento, pensando em como fora fácil se apaixonar por Hércules, emocionando-se com a primeira palavra de seu bebê, acordando para dar de mamar de madrugada, guiando-o nos primeiros passinhos, lidando com um adolescente rebelde, decidindo “divorciar-se” do marido… Por Zeus! Xena Warrior Princess poderia ter se transformado num clichê familiar, uma série de drama!

Não que exista algo de errado com esses planos que muitas moças têm de construírem família. Apenas soa áspero às minhas idéias dizer que esse seria o tipo de realidade adequado para a nossa Xena.

Sou da opinião de que Xena jamais teria conseguido se firmar nessa tentativa de retomar a vida que a jovem Xena de 17 anos teria vivido se Cortese não tivesse causado a morte de tantas pessoas de Amphipolis, inclusive a de Lyceus. Não, não, não…

Após tantos anos sendo forjada no calor da batalha, massacrando tantos inocentes, devastando povoados, enganando pessoas, e tantas outras barbaridades que a guiaram ao renome de Conquistadora de Nações, acredito que Xena não teria conseguido simplesmente sossegar na vida, vivendo como uma mulher pacata e anônima de Amphipolis. Ciente de todas as habilidades que adquirira, teria ela podido apenas ficar de braços cruzados sem fazer uso de seu potencial de guerreira, fingindo que não era capaz de realizar o que mais ninguém à sua volta podia? Sua fama de guerreira sanguinária corria não somente em território grego, mas além dos mares, e talvez essa tenha sido uma das maiores razões para Xena decidir que precisava redimir-se de seus pecados passados, lapidar-se numa benfeitora para pelo menos nublar a memória de todos aqueles que recordavam-se da Princesa Guerreira como uma desprezível assassina.

Além desse “não poder ficar parada”, havia o fato de que Xena estava destinada a trilhar o Caminho da Guerreira, fosse como a cruel Conquistadora de Nações, fosse como a Princesa Guerreira em busca de redenção. Não fazia diferença. Sua vida como Xena seria sempre como combatente, jamais como voluntária à oprimida. Era mais forte do que ela.

E qual foi o instrumento que o Destino usou para colocar Xena em seu devido caminho, através das vidas? GABRIELLE! A sede da pequena camponesa loira por entregar-se ao desconhecido fez Xena também desejar sentir o sabor de uma vida onde a obsessão por conquistar mais e mais poder não mais completava seu ser. Sua prioridade passou a ser o bem-estar das pessoas que sofriam nas garras de monstros semelhantes à Xena que ela fora no passado.

Você nunca pensou que sua vida segue o curso que está seguindo unicamente porque isso depende de algumas pessoas ao seu redor? E se essas pessoas nunca tivessem pisado na sua estrada, jamais tivessem cruzado o seu caminho? Quem você seria hoje? Quem eles seriam? Xena e Gabrielle estavam destinadas a se encontrarem como a guerreira e a poetisa pacifista, porque esses dois seres aparentemente tão íntegros tinham muito o oferecer um ao outro. Ninguém é mestre de todas as lições, somos eternos aprendizes.

O que seria da tua personalidade hoje sem a influência das pessoas que o Destino te possibilitou conhecer? Você escutaria os discos que curte? Leria os livros que lê? Iria aos lugares que costuma freqüentar para se divertir? Te bastaria a companhia dos teus amigos atuais ou tu integrarias outras tribos? Incógnitas sedutoras. Seria no mínimo curioso assumir uma nova identidade nem que fosse por um único dia, e estar ciente das diferenças entre o “eu” daquele momento e o “eu” original, a fim de estar apto para fazer comparações.

A primeira coisa que eu faria, nesse lance de “dimensão paralela”, seria localizar meus melhores amigos, descobrir como seria a vida deles sem mim, se ainda teriam algo em comum comigo. É como imaginar Xena indo até Potédia, ciente de todas as coisas que poderia ter vivivo ao lado de Gabrielle se as circunstâncias fossem outras, e encontrar a loirinha casada com Pérdicas, com um casal de filhinhos de belos olhos azuis e radiantes cabelos amarelos. Feliz? Talvez… Mas certamente não tão realizada quanto ela se sentiria ao lado de sua alma-gêmea.

Como sentir esse sentir? Como aceitar que o que era para ter acontecido não aconteceu de fato? Como libertar-se da sensação de que aquela vida que não nos aconteceu era muito melhor do que o vazio em que o destino nos colocou?

Muitas pessoas passam pela vida sem saberem qual é o seu lugar, o seu propósito de estarem aqui. Felizmente, tanto Xena quanto Gabrielle sabiam que tinham uma missão a cumprirem: fazer a diferença, ser a diferença, ser incomum num mundo comum. E o mais mágico de tudo isso: era uma missão que só podiam dar conta de realizarem JUNTAS! Não estavam e jamais estariam sozinhas e vazias como eram antes de se conhecerem.

É por isso que digo, amigos xenites: o Destino é um ferreiro incansável. Ele forja as armas e nos faz capazes de manejá-las, desferir golpes de ataque e levantar a nossa auto-defesa. Juntos, aqui, mexemos com as rodas do Destino de Xena e Gabrielle. Por mais que se diga que viver através de “Ah, se eu tivesse…” ou “Ah, se eu fosse…” é a maneira mais eficaz de sentir-se miserável, lamentando alternativas não escolhidas, essa divagação não deixa de ser atraente! Se nessa existência existir alguém que esteja destinado a te encontrar, ah! Tu hás de encontrar!

Não existe acaso ou coincidência, azar ou sorte – apenas peças se encaixando em velocidades variadas nesse imenso quebra-cabeça que é a VIDA! Todos temos uma missão, a oportunidade de revolucionarmos a nós mesmos, de sermos os heróis daqueles à nossa volta que não têm a audácia de se mostrarem inovadores e inauguradores do novo!

Aqui, somos todos xenites. Futuramente, alguns serão heróis, outros serão anônimos. Decida HOJE o que você irá ser. Muita gente acha que Destino é um livrão com cada passagem de nossa vida escrita a partir do nosso nascimento até a nossa morte. Nada disso! Somos os autores de nós mesmos! Siga a sua vocação, entregue-se ao chamado do Destino (entenda-se a voz do seu coração), reconheça a sua “Gabrielle”, aprenda com ela, ensine a ela. Não negue a vida que você sente que é pra ser sua. Nada de medo, covardia ou vergonha.

Você tem asas, e o céu está ali, ó!!!

 

Abraços, xenites!

Até a próxima!

Robson.

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