Entrevistas

9 - 13 minutes readRX Entrevista: Lucia Nobrega…a criadora de Little Xena e Little Gabrielle

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Por Lucy

 Nesta edição de janeiro a nossa entrevistada é a Lúcia Nóbrega, respeitada artista, brasileira e que tem sua própia página no Ausxip (www.ausxip.com/lucia). 
Ela faz ilustrações das temporadas virtuais com subtexto e tirinhas das fofas Little Xena e Little Gabrielle e ainda fez uma iluatração especial para nós da RX. Confiram.

Revista Xenite: Olá Lúcia! Você poderia nos contar sobre como e quando foi a primeira vez que você assistiu a série? Quando foi que tomou conhecimento dela? O que te fez ir assistir e o que mais te chamou atenção quando viu?

Lúcia Nóbrega:Bem, a primeira vez que tomei conhecimento da existência da série foi através de uns vídeos americanos de Star Trek Next Generation que um amigo meu de trabalho na Editora Abril costumava me emprestar (Eu era uma Trekie naquela época), no meio dos episódios havia propagandas americanas e lá pelas tantas aparecia umas chamadas da Xena, eu morria de rir porque as chamadas enfatizavam mais a força de Xena e ela me parecia exagerada, pensei que se tratava de uma série de quinta categoria. Quando num belo dia vi chamadas de Xena no SBT, imediatamente a reconheci e por pura curiosidade e pra rir um pouco eu decidi assistir.  Peguei bem no meio do segundo episódio, o “Chariots of War “ bem na hora em que a Xena rasga o vestido e bate nuns 10 bandidos, não preciso dizer que caí na gargalhada, mas ao final do episódio eu já não ria mais e comecei a achar que ela era melhor do que eu pensava e para coroar fui atraída pela frase final de Gabrielle quando respondeu a Xena que não sentia mais falta de sua família pois tinha a ela, pensei: Aí tem alguma coisa, vou assistir pra ver até onde isso vai. E vi, me apaixonei pela série e fiz tantos amigos nos lugares mais distantes por causa dela..

RX: A partir de que momento voe começou a ilustrar Xena e Gabrielle?

LN: Assim que descobri a Internet e passei a vasculhar o Xenaverse lá pros idos de 1999 eu achei o site da MaryD, o AUSXIP (Australian Xena Information Page). Era e continua sendo o melhor site de Xena do mundo, acabara de criar a Little Xena e a Little Gabby como uma forma de homenagem à série no estilo que eu mais conhecia que é o do desenho infantil, já que sou profissional de Histórias em Quadrinhos. Enviei os meus desenhos para MaryD e pedi que coloca-se nas páginas de artes de fãs do site, mas ela gostou tanto da Little Xena que colocou como logo da pagina do What’s New, daí vieram pedidos para fazer as piadinhas semanais e posteriormente o Subtext season. Foi assim que tudo começo.

RX: Você já tinha conhecimento de seus dons artísticos para desenhar antes de Xena?

LN:Eu sou profissional de Histórias em Quadrinhos, sou roteirista e desenhista. Trabalhei nos estúdios de Maurício de Sousa, na verdade aprendi tudo lá, desenhar e escrever. Com Xena fazendo as ilustrações do Subtext Season descobri que podia fazer desenho sério também, pintando com o computador, antes disso nunca me atrevi.

RX: Você poderia citar outro dom que a série despertou em você?

LN: Não acredito em dom, acredito em níveis de sensibilidade. Xena transportou a minha sensibilidade para um nível mais libertário por assim dizer, derrubou barreiras e me fez desenhar o que eu nunca pensei que desenharia um dia.

RX: Como você classificaria seus desenhos? Qual a sua visão sobre eles?

LN: Meus desenhos não são perfeitos, se alguém ficar muito tempo olhando pra eles vai notar um monte de defeitos, mas eu não gosto mesmo de perfeição, tenho horror a gente  perfeccionistas, pra mim isso não é qualidade. O que é importante é colocar alma no desenho e isso eu tenho certeza que consegui colocar e é por isso que os defeitos passam desapercebidos.

RX: Você prefere fazer as ilustrações da temporada virtual com subtexto ou as tirinhas da Little Xena e Gabrielle?

LN: Sempre gostei mais da Little Xena e Gabby, apesar de que fazer piadinha é difícil, mas meu reino é o infantil. Gostei muito de fazer as ilustrações, mas elas são muito trabalhosas e me tomam muito tempo.

RX: Quando foi que você começou a se relacionar com outras pessoas do Xenaverse? Qual foi a importância disso pra você?

LN: A primeira pessoa foi a MaryD. Meu inglês era limitado, tanto quanto o meu conhecimento de internet, mas com MaryD aprendi as primeiras noções de comportamento ao se comunicar por email,  ao mesmo tempo fui ficando mais fluente na língua. Assim que a Little Xena saiu no AUSXIP recebi emails de diversos lugares no mundo, veio dos USA claro, a maioria,  veio da França, Itália, Peru, Venezuela, Paquistão, Nova Zelândia, Inglaterra, até do Kuweit e Sirilanka. A importância dessa abertura para mundo através da Xena foi ampliar o meu mundinho tão estreito em que eu vivia.

RX: Como foi que você conseguiu a ilustrar as temporadas virtuais com subtexto? Alguém a chamou?

LN: Fui convidada pelo grupo do Subtext Season, elas me pediram que fizesse as cenas que nunca tínhamos visto em Xena na a série normal, eu entendi que teria que fazer as cenas que todo mundo gostaria de ver, as mais românticas em especial. A Tarefa foi mais tranqüila tendo os ótimos textos em mãos das melhores bardas do Xenaverse.

RX: Você as lê? Gosta? Recomenda? Por quê? Pode nos contar um pouco sobre seu ep. das temporadas virtuais com subtexto favorito?

LN: Eu li todas logicamente, o grupo sempre discutiu cada episódio antes de colocar na Net, e eu tinha que apresentar cada ilustração para o grupo para aprovação, houve algumas que eu precisei modificar, tiveram outras que eu ousei mais e só o grupo pode ver. Eu acho as histórias do  subtext season  mais fieis à Xena original. Eu consigo ver as personagens realmente, se eu não acreditasse nelas não poderia retratá-las. Recomendo por isso mesmo, pra quem ficou chocado com o final de Xena original pode contar com esta boa continuação alternativa. 
Tem muitas histórias que eu gostei da temporada virtual, cada uma oferecia uma cena legal pra fazer, um desafio diferente. Eu gostei, por exemplo, do episódio “Cloning Around” não tenho certeza se é este o nome, mas me lembro bem que essa história foi muito difícil de ilustrar e ao mesmo tempo muito gratificante e deu pra fazer algumas brincadeiras, por exemplo, na ilustração em que os clones de Xena e Gabby estão indo para a convenção de carro a Gabby tem um guia de ruas no colo, esse guia é uma cópia do guia de São Paulo e tem um traço vermelho mostrando o caminho pra minha casa lá em Tucuruvi.

RX: Você prefere ilustrar ep.s de que gênero? Por quê?

LN: Eu prefiro realmente trabalhar com o universo infantil, por isso sempre vou preferir lidar com a Little Xena. Quanto aos desenhos adultos, gosto do subtexto simplesmente porque acredito nele ao assistir a série original e como qualquer fã também quero ver as cenas que o Robert Tapert ficou nos devendo.

RX: Quando faz seus trabalhos, põe neles algum aspecto pessoal? Qual?

LN: Sim, claro, a sensibilidade é pessoal e ela comanda a sua arte, todo desenhista faz isso mesmo que inconscientemente. Minhas ilustrações são muito coloridas, tem muita luz, adoro fazer aquele céu azul com nuvens brancas rosadas na base, as margaridas do campo, as folhas no chão, sou muito romântica e Xena e Gabby é a expressão desse meu lado.

RX: De que maneira você nunca retrataria Xena e Gabrielle? Por quê?

LN: Eu sou da ala do Xenaverse que é mais romântica, água com açúcar mesmo, não acredito que Xena e Gabby tenham uma relação tipo “Sado-masoquista”. Por isso jamais as retrataria assim,

RX: Você conhece alguém no elenco?Já foi a uma XenaCON ou concerto da Lucy? Poderia contar sobre isso?

LN: Não conheço a Lucy nem a Renee. Conheci Katerine Fugate, Robert Trebor e Steven Sears quando fui na Xenacon de 2001, a última Xenacon em Pasadena com a Lucy ainda de cabelos negros e a Renee grávida pela primeira vez, aquela convenção foi inesquecível, encontrei muitos fãs da Little Xena (Não havia ainda, a Subtext virtual season) que foram muito amáveis comigo e me trataram como se eu fosse uma estrela, foi muito bom para o meu ego. Em maio deste ano fui à convenção em Londres e assisti ao concerto da Lucy, foi muito empolgante e divertido, gostei muito.

RX: Qual foi a sua maior realização Xenite?

LN: Foram as amizades que fiz com Xenites maravilhosos pelo mundo.

RX: Há algo relacionado a Xena que você queira?

LN: EU QUERO UM FILME EM QUE A XENA VENHA PARA O MUNDO DOS VIVOS E PARA A SUA GABRIELLE!!!!!!!!!!!!!

RX: Sobre a Melissa Good( roteirista de dois ep.s da 6ª temporada). Dizem que você a conhece a um bom tempo e que vocês são boas amigas. Poderia contar um pouco sobre esse relacionamento? Quando se conheceram? Como foi?

LN: Como todo xenite que se presa eu devorei os fanfictions de Melissa Good, foram os primeiros que li, foi assim que tomei conhecimento de sua existência, depois com os trabalhos do Subtext Season, tive a oportunidade de ter um maior contato com ela e graças às convenções pude encontrá-la pessoalmente.

 

RX: Tem alguém que ainda queira conhecer?

LN: Quero conhecer MaryD, até hoje nunca nos encontramos mas construímos uma bonita amizade via internet.

RX: Como são feitos seus desenhos?

LN: A Little Xena é totalmente desenhada à mão livre, depois escaneada e pintada no Photoshop já as ilustrações do subtext season é outra história, não é a minha especialidade então eu criei o meu próprio jeito. Eu faço primeiro uma montagem de fotografias da cena, junto braços, corpos diferentes para conseguir o efeito que eu quero, depois imprimo a montagem e com um papel vegetal por cima copio os traços fazendo os ajustes para que tudo fique coeso, como por exemplo: colocar uma roupa diferente se for necessário, mudar o cabelo e assim por diante, o resultado final é escaneado e pintado no Photoshop.

RX: Tem algum valor que a série tenha adicionado à sua vida?

LN: A série abriu os meus olhos, expandiu os meus horizontes.

RX: Imagino que você seja subber. Se eu estiver certa, o que a faz acreditar que entre Xena e Gabby há “algo mais” e em que momento chegou a essa conclusão?

LN: Sim sou subber. Já no segundo episódio vi possibilidades na frase final de Gabrielle como disse antes. Achei que elas poderiam vir a ter um romance, e acabaram tendo muito mais do que isso, elas são almas gêmeas ligadas por um amor transcendental.

RX: Da 1ª a 4ª temporada?Qual foi a sua preferida e por quê?

 

LN: A quarta temporada. Gostei das histórias na Índia, especialmente “Between the Lines”. Adorei o “Ides of March”. Este último repassei a cena do calabouço trocentas vezes. Acho que foi uma temporada onde o subtext ganhou mais força, onde elas passaram a ser “soulmates,” almas gêmeas mesmo e a Gabby cresceu muito.

RX: E ep. qual você prefere na série? Por quê?

 

LN: Esta é difícil. Eu adoro o Ides of March mas acho que vou ficar com o When Fates Collide da sexta temporada, absolutamente lindo, é a apoteose do Subtexto. Não importa o que o destino prepare nada separa Xena de Gabby e mais, Gabby foi capaz de destruir um mundo para ter Xena de volta.

RX: Tem algum ep. na série, que foi exibido e você não goste? Por quê?

LN: Eu não gosto do Fish Stick, aquele que se passa no fundo do mar, achei uma bobagem só.

RX: Qual personagem você mais gosta?Porque?

LN: Eu gosto de Xena. Gosto do fato dela ter um passado obscuro onde se pode sempre visitar e ter surpresas incríveis. Gosto do seu carinho por Gabby. Do jeito que ela aprendeu a respeitá-la. Gosto de sua força, de sua ira, mas aí é mérito de Lucy Lawless, ela convence bem.

RX: Você se identifica com esse personagem de alguma maneira?
 LN: Não, não me identifico com Xena, me identifico mais com Gabby da primeira temporada, simples contadora de histórias seguindo sua ídola, essa sou eu.

RX: Na série tem algum personagem que você ache dispensável? Porque?

LN: Dos personagens fixos não dispensaria ninguém, acho que todos tem o seu espaço.

RX: Seu trabalho já foi criticado alguma vez? Se sim, como foi? O que você pensou? Reagiu de alguma forma? Como?

LN: Só uma vez um rapaz disse que eu não fazia bem as mãos se referindo as ilustrações do Subtext Season, eu concordei, porque não faço bem mesmo as mãos, e também não tinha muito tempo para trabalhá-las melhor.

RX: Você mudaria algo na série? Se sim, pode dizer o que?

LN: Mudaria o final, Aquilo foi a coisa mais estúpida que alguém poderia fazer, onde o Robert Tapert estava com a cabeça???

RX: O que você diria as personagens Xena e Gabrielle se elas existissem e você pudesse falar com elas?

LN: Não acham que está na hora de parar, arrumar uma casinha e construir família?

RX: E se pudesse ajudá-las de alguma forma? Como seria?

LN: Eu me ofereceria pra fazer uma pintura delas pra colocar na parede no alto da lareira da tal casinha.

RX: Se não existisse Xena? Como você imagina que sua vida seria agora? Xena mudou sua vida? Em que aspecto?
 LN: Sim, Xena e Gabby ampliou os meus horizontes e abriu os meus olhos. Só gostaria que elas tivessem aparecido mais cedo na minha vida.

RX: Você poderia descrever sua vida xenite em uma só palavra? Qual?

LN: Xena pra mim significa antes de tudo “Liberdade. 

RX: Você poderia mandar uma mensagem para os xenites, algo bem especial, se possível algo focado no ano novo, uma mensagem?

LN: Desejo a todos os xenites um 2009 muito feliz e de esperança que o sonhado filme de Xena vire realidade, a gente merece por tantos anos de dedicação á série. Battle on sempre!
 RX: Obrigada!

 

3 Comments

  • Mára

    Essa foi uma entrevista pra la de linda… mas é de agosto de 2011 e ela deseja um feliz 2009 [como assim???] . Independente disso o quanto Xena deu liberdade e o conhecimento do mundo para esta Desenhista e ilustradora é inspirador para que possamos correr atras de nossos sonhos. Que a RX possa continuar trazendo coisas maravilhosas como esta. Parabéns à equipe.

    • Mary

      Mára, a Revista Xenite existe desde 2008. No meio de 2011, ela sofreu um boicote do antigo servidor que nos tirou do ar, sem direito a explicação ou backup, então tivemos que fazer uma jornada de recuperação e repostagem de artigos, por isso as datas não condizentes.

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