Mitologia

3 - 5 minutes readInferno – Do Tártaro aos Campos Elísios

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OBardo

  Esqueça a definição cristã de inferno. O que vocês vão ler agora, pouco, quase nada tem a ver com esse inferno descrito por igrejas e pregadores.

Para os gregos o inferno era o local subterrâneo onde as almas dos mortos ficavam. Se dividia em três partes: Tártaro, Planície dos Asfódelos e Campos Elíseos.
O inferno começava no limite da terra, onde o sol descia a cada fim de tarde e o oceano tinha seu início. Era lá que ficava a porção do planeta que foi destinada aos cuidados de Hades.
O mundo subterrâneo era todo rodeado por água, o que obrigava os mortos a passarem pelas águas do Estige e do Aqueronte. A tarefa de atravessar os recém-chegados cabia ao barqueiro Caronte (que apareceu em XWP e HTLJ, interpretado por Michael Hurst). Para que o barqueiro aceitasse as almas a bordo de sua barca, elas deveriam ter tido um funeral, e além disso, elas deviam pagar uma moeda pelo serviço (abrindo um paralelo com XWP e HTLJ, ambos protagonistas conseguiram enganar Caronte, e foram transportados sem pagar). Os que não se encaixavam nessas condições, eram condenados a errar eternamente na  entrada do Inferno, até que alguém os enterrasse com a moeda-pagamento-de-Caronte.
Ao passar para a barca, as almas deixavam definitivamente o mundo dos vivos. Depois desse “passeio agradável” a alma estava proibida de ver a luz novamente. Cérbero, o cão de três cabeças vigiava a entrada para impedir fugas; ele era muito amável com os que chegavam, mas ai daquele que tentasse sair! (E, em mais um comentário xenítico, Cérbero não devia fazer a sua tarefa muito bem… Já viram a quantidade de pessoas que foram e voltaram do inferno? Xena, Hércules, Marcus, Callisto, Sísifo, e aquele assassino de noivas em Mortal Beloved).
Depois de desembarcar, os mortos chegavam à planície dos Asfódelos. Árvores sombrias, que varriam o chão com seus galhos (e que foram citadas em Harry Potter. Tá, eu sei que isso não tem a ver com Xena, mas deve ser daí que a maioria se lembra vagamente de já ter ouvido falar em asfódelo). Ali acontecia o julgamento das almas, feito por Éaco, Minos e Radamanto, que foram escolhidos como juízes por sua sabedoria e vida digna. Eles analisavam a vida dos que ali se encontravam e decidiam onde cada morto passaria a eternidade.
Aqueles que não haviam cometido crime nenhum, mas também não fizeram nada de bom eram condenados a ficar na monótona Planície dos Asfódelos. Não precisavam pagar por crimes e injustiças, mas não mereciam as recompensas destinadas aos heróis.
Os criminosos eram mandados para a parte mais soturna do Inferno: o Tártaro. Em XWP e HTLJ o Tártaro foi construído como deve ser o inferno cristão. Um lugar vermelho e quente, onde gemidos de agonia são ouvidos e condenados ficam presos aos seus suplícios.  Pelas descrições que vêm da Antiguidade, não existem motivos para retratar o Tártaro como vermelho e quente, até porque ele era cercado pelo rio Estige. Devia ser um local perturbador, já que era lá que as almas más eram punidas. Os mais famosos condenados do local eram: Tânato (aquele que aparece em Hércules, dentro do rio, sem poder beber a água, e debaixo de uma árvore, sem poder comer os frutos dela) e Sísifo (por ter capturado a morte ele foi obrigado a empurrar morro acima uma pedra, que quando chegava ao topo, rolava para baixo, obrigando Sísifo a recomeçar sua tarefa. Essa punição apareceu em um episódio do Hércules, mas Sísifo havia convencido um cara a trocar de lugar com ele…).
Havia ainda os Campos Elíseos. Era para lá que os heróis e pessoas virtuosas eram mandadas. Apareceu nos seriados da forma que era descrito: um lugar florido e belo. O canto dos pássaros era constante, assim como o som da lira. Os que merecidamente iam para lá eram agraciados com tudo do bom e do melhor.  Era a recompensa para uma vida de lutas e esforços.
Para os gregos, a vida após a morte era assim. Apesar das diferenças entre as religiões de hoje e a crença antiga, existem pontos que se assemelham, como a divisão do mundo dos  mortos. É por essas e outras razões que podemos dizer que a Grécia não foi apenas o berço da civilização ocidental, mas também da religião e cultura que nós temos até hoje.
Até a próxima!

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