A Sétima Arte, colorida (4)
Olá caros leitores guerreiros!
O Sétima Arte, Colorida chega à sua quarta edição, e dessa vez, além de comentários meus, do Tito e da Aryane, temos como convidado do mês o Alessandro Chmiel.
Espero que vocês gostem dos filmes escolhidos, e já sabem! Caso os tenham visto, sintam-se à vontade para deixar seus próprios comentários ali embaixo 😉
Lembrando que assim como neste mês, aceitamos convidados na coluna para meses futuros. Para participar basta enviar um e-mail para [email protected] para se informar sobre disponibilidade e pegar a lista de filmes para o mês seguinte!
IMAGINE ME AND YOU (2005)
“…the lily means…I dare you to love me”
Mary
Eu geralmente não sou muito fã de comédias românticas, mas o fato de ter a Piper Perabo no elenco, e de ser um filme britânico, me levou a dar uma chance à “Imagine”.E que filme gostoso de assistir! É claro que a química entre Piper Perabo e Lena Headey deixa tudo melhor, mas além desse elemento ainda temos uma trilha sonora super divertida e Rupert Giles Anthony S. Head. O filme não tem nenhum roteiro surpreendente e brilhante (é uma comédia romântica, afinal), mas a história contada faz a gente ficar com um sorriso na cara quando termina. Mas nem só de melação romântica e clichês é feito o filme. Ele também é recheado de tiradas britânicas que garantem boas risadas. Como elementos paralelos, muito destaque para a pureza de coração de H, e para o altruísmo de Heck.
Nota: 4,5
Tito
Pra começar devo dizer que me apaixonei pelo tema do filme,”HappyTogether”, do The Turtles! Pelo menos eu considero como a música tema, já que o nome do filme foi inspirado nela e tal. E que filme mais gostoso de ver num sábado ensolarado de manhã, com essa atmosfera de casamento e flores e tudo mais… Falando em flores um dia antes de ver esse filme eu tinha visto “Luzes da Cidade”, do Charles Chaplin, que também tem uma florista e recomendo também! Mas, voltando ao foco, também é muito bonita a maneira sutil como abordam a vida amorosa da Rachel, sua auto-aceitação e como ela luta pelo o que quer.Ah, o Cooper é um Brian Kinneyhetero, só que mais tonto, mas mesmo assim firmeza viu, meninos? E o mais importante: YOU’RE A WANKER, NUMBER NIIIIIIIIIIIIIIIIIINE!
Nota: 4,0
Ary
Filme leve, cheio de descobertas e incríveis consequências. Em Imagine Me and You, a homossexualidade é mostrada por um ângulo diferente, sobrepondo ideias preconceituosas. É gostoso de assistir, é fofo, as atrizes possuem uma química deliciosa e percebemos que se descobrir gay e sair do armário pode não ser um bicho de sete cabeças. A música final gruda na cabeça, assim como a vontade de viver um amor igual ao das protagonistas maravilhosas.
Nota: 4,0
Alessandro
Já conhecia o trabalho da Piper Perabo da série Covert Affairs, na qual ela interpreta uma agente secreta que fala múltiplas línguas. Qual foi minha surpresa ao vê-la nesse filme, e encarando o sotaque mais doce e britânico do mundo! Não esperava de maneira alguma uma comédia romântica focado em duas mulheres. Uma doce história de reconhecimento e amor com um roteiro estupendo, que te prende até depois dos créditos finais, e personagens secundários bastante ricos, especialmente a menininha H. O filme ainda conta com a presença notória de Anthony Head, o bibliotecário e Guardião Rupert Giles da série Buffy. A maior gratificação do mês. Bravo!
Nota: 5,0
MÉDIA TOTAL: 4,4
PRAYERS FOR BOBBY (2009)
“I know now why God didn’t heal Bobby. He didn’t heal him because there was nothing wrong with him “
Mary:
O filme que toda família de homossexual deveria assistir. A quem estamos enganando. O filme que toda a sociedade deveria assistir.A obra desmitifica a visão bíblica sobre a homossexualidade, desconstruindo essas “verdades” nas quais muitos religiosos se apoiam para condenar os homossexuais.Sigourney Weaver tem uma atuação de cair o queixo, como mãe que “quebra” o espírito do filho além do conserto e depois procura respostas divinas para a tragédia que se segue.Mas e quem consegue odiá-la? Acho que todos que assistem o filme não conseguem sentir raiva, mas sim compaixão para com a dor avassaladora que ela experimenta. O triste é refletir depois que o filme termina e ver que infelizmente o mundo está cheio de “Bobbys” e “Marys”.
Nota: 4,5
Tito:
Não sou muito de gostar de coisas emocionantemente tristes, então por isso eu tava meio com o pé atrás de ver esse filme, mas já vou avisando que embora a causa de todo o enredo seja triste, o filme em si passa uma mensagem bonita e feliz podemos assim dizer, além de ter cenas bem felizes estilo Babylon de Queer as Folk e gente fantasiada de “The Rocky Horror Picture Show” LOL – filme que, a propósito, foi comentado aqui na coluna em sua 2ª edição. É triste ver como o que aconteceu com Bobby não apenas no filme como na vida real ainda é super comum nessa sociedade doente, então essa obra é praticamente de cunho social, um must-see, principalmente pra famílias que ainda têm alguma forma de preconceito em relação à essência homossexual de seus filhos, irmãos etc. Lágrimas são garantidas com esse filme, em vários momentos, mas é bom porque mostra que a gente entendeu a mensagem. E espero que se, pelo amor de Deus, algum xenite estiver passando pela mesma situação que o Bobby, ele veja QUE HÁ ESPERANÇA, e não precisa botar tudo a perder, afinal, como diz nossa querida Ary, YOU WILL SURVIVE!
Nota: 5,0
Ary:
Oh céus, que filme… Magnífico, chocante, fabuloso… Essas três palavras descrevem tudo! Por Zeus, que filme!!! Alguém me explica como a Sigourney Weaver não ganhou um Oscar de melhor atriz, por favor? Ela rouba toda a cena, principalmente do meio pro fim. O filme mostra mais o lado da descoberta da mãe e da dificuldade que ela tem de lidar com o preconceituo contra a sexualidade do próprio filho. Até onde a religião pode nos guiar?Pobre mãe, essa do filme. Pobre filho, um espelho de uma realidade dolorosa, vítima de uma sociedade fanática. Não deixem de assistir, é uma lição, é um presente, é uma obra de arte. Os momentos finais do filme são impecáveis, como todo o esto, na verdade.
Nota: 5,0
Alessandro:
Há pouco conheci a série cinematográfica Alien, que trouxe fama à talentosíssima Sigourney Weaver no papel de uma tremenda Girl Power. Uma atriz tão sensacional que fez com que me revoltasse com essa personagem fanática tão marcante neste filme feito para a TV. Drama intenso que me fez derramar lágrimas por mais de três vezes em seus percalços. Talvez por ser uma história real – e tão próxima de tantas realidades, o filme choca por sua familiaridade. E por falar em família, o tal nicho elementar na construção de qualquer pessoa, o lar de Bobby não foi o melhor receptáculo para a notícia de que havia algo de “errado” com ele. Sou suspeito pra falar, mas quando a figura materna é a principal barreira na hora da aceitação/compreensão, parece que a dor se duplica. O filme é belíssimo e ao mesmo tempo muito triste, uma redenção tardia que quase não possui mais remédio para a personagem de Sigourney. Uma pena mesmo que muitas pessoas, quando mudam o modo de pensar, mudam tardiamente. A mensagem do filme é um carinho na alma daqueles que de alguma forma ainda se sentem estranhos nesse mundo tão preconceituoso, e um tapa na cara da sociedade que só vê rótulos, que gosta tanto de falar em paraíso e não sabe enxergar a alma alheia.
Nota: 5,0
MÉDIA TOTAL: 4,8
TOMBOY (2011)
Mary:
Um filme que nem todos conseguem apreciar, em parte pela falta de hábito para com o cinema francês – que tem uma sutileza e um passo narrativo diferente de Hollywood – mas ainda assim uma história com tantos pontos a serem refletidos e com uma delicadeza admirável.
O filme mostra que mesmo os pais que dêem o maior apoio para as decisões dos filhos, podem enfrentar momentos com os quais não sabem lidar, ao mesmo tempo que nos faz questionar: Será mesmo que existem pessoas que nascem no corpo errado, no sexo errado ou elas nascem é na SOCIEDADE errada? Tudo que vemos são individualidades de Mikael/Laurie, ela gosta de carros, de futebol, de azul e de ter cabelo curto. O problema é que a sociedade diz que pra gostar de tudo isso ela precisa ser um menino, e assim ela “acata” o que a sociedade diz, ainda que não tenha idade para discernir o quão complexas podem ser consideradas questões de identidade de gênero. Aparte disso, uma atuação linda e Zoé Héran (e também da Malonn Lévana, que interpreta a irmãzinha dela).Nota: 4,0
Tito:
Um “BoysDon’tCry” infantil e não violento. Mas ambos relatam a história de uma menina que se veste de menino porque é assim que ela se sente perante sociedade, essa é sua verdadeira forma. É um filme extremamente lento e calmo que se passa num pequeno bairro em Paris, mas as atuações de ZoéHéran (Laure / Mickäel), que na época tinha uns 12 anos, e da MalonnLévana, que deve ter uns 6 anos assim como sua personagem Jeanne, são INCRÍVEIS pras idades deles: não é toda a menina que aceita um papel em que dá um beijo em outra menina – por mais que isso seja simples para os adultos, como por exemplo a Hilary Swank (Boys Don’tCry), deve ser um grande desafio para uma atriz de 12 anos, fora cortar o cabelo curtinho, ficar sem camisa, fazer um pipi (porque quem tem 10 anos ainda tem pipi) de massinha – essa cena eu acho particularmente meio tensa, enfim. E uma coisa engraçada é que vários personagens do filme usaram seus verdadeiros nomes, quem sabe por falta de criatividade da roteirista, quem sabe por tornar a atuação mais fácil para eles, ao passo que a criança Malonn incorpora outra pessoa mesmo, além de ser uma fofa e encarar a crise de identidade sexual da irmã mais velha de forma tão natural, porque sério, se fosse eu, com 6 anos, eu ia sentir aflição de ver isso acontecendo com alguma das minhas irmãs mais velhas, falei. E embora a narrativa do filme seja super devagar, o final é bem intrigante e aberto, com aquela expressão facial da protagonista… Me agradou!
Nota: 4,5
Ary:
Filme lento, com poucos diálogos, porém, aqui vale o ditado “uma imagem vale por mil palavras”. É inocente, verdadeiro… A perspectiva de uma criança, ao descobri que não está no corpo certo. Introspectivo, reflexivo e muito bem dirigido, por se tratar de crianças.
Nota: 2,5
Alessandro:
Já havia assistido ao filme antes numa tarde serena, e gostei da experiência. Passei um bom tempo sem saber se se tratava de uma atriz ou um ator mirim no papel principal, tamanho foi o trabalho da produção em deixar Laure/Mickaël com a aparência dúbia. Jamais havia visto essa temática no corpo feminino tentando parecer masculino, e o trabalho foi muito bem executado. Palmas ainda pras atuações das crianças do elenco, que foram verdadeiras e sensíveis, provavelmente resultado de extenso esforço por detrás das câmeras para esclarecer a temática aos pequenos atores. Talvez por se tratar de um filme francês, o ritmo do filme me é incomum, com um passo desacelerado; contudo, o ar contemplativo não prejudica a trama nem um pouco, apenas não faz meu gosto na hora da narrativa. No mais, o filme merece crédito por sua ousadia.
Nota: 3,8
MÉDIA TOTAL: 3,7
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4 Comments
Alê Chmiel
Eu adoro essa coluna, de verdade. Fico imensamente grato por ter podido participar desta edição, obrigado mesmo. E é muito bom comparar os pontos de vista entre a gente. Gratificante!
Se houver vaga em futuros meses, me chamem, adorarei participar outra vez. Beixenites!
Marina
Afinal, o que a Piper Perabo tem com personagens gays?
Imagine Me&you tem aquele ar alternativo, não hollywoodiano. É fotografia é linda, a delicadeza das cenas, as piadas, o sotaque…
Marina
Acho que tem todos aqueles clichês de BFF’s almas gêmeas sem ser óbvio.
Chapo
bem, pra variar nao vi todos filmes. Só imagine me and you. E devo dizer: gosto dele pq não crucifica os homens e faz dele um bando de machos excitados atrás de mulher pra converter, como muitos filmes lesbicos o fazem.
O amor q esse cara tinha pela esposa era lindo.
Claro q elas duas juntas nessa paixão instantanea e ultrapassando as barreiras de tudo e todos nessa atmosfera mais light deixa o filme uma delicia de ver.
“lucy, I can do this!”