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3 - 5 minutes read(IN) tolerância para todos os (DES) gostos

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 Lucas Lorenzo

          A intolerância surge em nossas vidas e em nós das maneiras mais disfarçadas possíveis, podendo tomar contornos muito fortes e serem perpetuados numa espécie de caractere genético, sócio-culturalmente arraigado, passado como se fosse natural e não historicamente construído. Conceitos e preconceitos.

          As pessoas possuem uma necessidade de encontrarem outras e a isso chamamos de sociabilização e entendemos como um traço de humanidade. Então o que fica quando este traço desaparece? Uma estrutura rígida e robótica, pré-programada de comportamentos definidos como aceitáveis? Uma desumanidade?

          Por muitos séculos a congregação religiosa tem alternado com o Estado, atuando por vezes ao mesmo tempo, para ditar a moral e o comportamento adequado nas sociedades e os que fugissem deste padrão eram convidados a sair do convívio daquele meio, seja por ostracismo ou por morte pura e simples. Vários tipos de morte: Morte do corpo; morte da alma; morte do indivíduo social. Lembremo-nos que Sócrates foi condenado por ensinar sobre consciência, pensar por si em detrimento dos Deuses do Panteão. Muitas pessoas foram condenadas à morte na história da humanidade por sua sexualidade; pensamento religioso; filosófico; político; cultural; cor da pele; classe social ou apenas por acreditarem que a vida é muito maior do que era determinado por quem detinha o poder.

     A discriminação institucionalizada é terrível, mas aquela que advém dos seus iguais é astronomicamente violenta e assustadora, pois não tendo sequer um arcabouço de justificativa falida, é basicamente o discriminar você por não ser discriminador.

          Macros e micros intolerâncias.

       No episódio 6 da 4ª temporada quando a intolerância e policiamento contra a dança, tendo o respaldo da lei  era sobre algo que não se poderia fazer.  [Advogado do Diabo por Shion Malfoy e  Tainara Nogueira 12/8/11].  Resolveu-se com uma melhor reflexão sobre a lei e posterior mudança da mesma para melhor atender aquela comunidade No episódio 24 da 1ª temporada novamente a discriminação é chamada, de forma sutil, quase imperceptível e desta vez algo relativo sobre o ser.

          Ephiny e Phantes estavam  indo para Atenas porque lá  eram mais tolerantes, e esta procura resultou na morte de Phantes. Um relacionamento inter-racial, de nacionalidades, classes, sistemas políticos e sociais diferentes, em que o amor resolveu e deu forças para superar buscando um caminho melhor, mais harmonioso para convivência e princípio de uma nova vida.

          Nos Fóruns e Grupos de discussão muitas vezes o contraditório é entendido como agressivo e expor diferente ponto de vista pode ser visto como provocativo. Os episódios, personagens e mensagens apresentam-se de vários ângulos e é o congraçamento destas correntes e abordagens que formam a essência viva do mundo Xenite , um mundo tão vasto e diverso.

          Nem todo Xenite  é homossexual e não ver romance com subtexto não é ingenuidade ou preconceito, mas ausência de identificação. Esta identificação, se presente,  poderá levar à uma interpretação subtextual e ainda há aqueles que mesmo identificando-se com um “lado” conseguem enxergar o outro sem problemas.  

          A dança que Xena e Gabrielle fazem para Lúcifer sentir-se atraído e cometer o pecado da luxúria em uma festa onde tudo parece estar liberado,  pode ser vista como um lindo quadro  de fantasia erótica hétero por parte do não tão angelical convidado ou não. O mesmo acontece nos demais contextos onde alguns vêem um casal e outros apenas uma dupla e este tema pode ser discutido com embasamento e “provas” para ambos os enfoques, todos válidos. 

          Isto é verdadeiro. Então o que separa a discussão do tema proposto de uma briga? Uma briga sobre o assunto de uma desavença pessoal? Um ponto de vista saudavelmente apresentado de provocações ?

          Acredito que seja a noção e a definição que cada Xenite  possuí sobre o que é um argumento saudável. A tolerância com o pensar diferente, com o conhecimento, experiência, interesse, a arte e a abordagem do outro. Alguns gostam mais de imagens, outros de palavras. Alguns acompanham os artistas, outros esmiúçam a série. Alguns criam piadas e outros elaboram histórias, mas temos espaço até para criticar a arte, debater o texto e compartilhar novidades e antiguidades. Respeitar não é calar, concordar, mas ponderar, trocar ideias e informações, criações.

          Nesta convivência não há ranking, disputas, mas somente um grande reconhecimento .

         Podemos ser heteros, homos, jovens ou não, ter longa estrada ou pouco tempo de atuação no fandom e isso não nos tornará menos ou mais Xenites. 

Xena e Gabrielle…                                    Tão diferentes, tão iguais, tão humanas!

 

 

One Comment

  • Flavia Cris

    exatamente. Já perdi muitos amigos assim porque um não tolerava a opinião diferente do outro. Ambos erraram. Eles por não respeitarem a minha e eu por querer que eles enxergassem na marra o meu modo de pensar. hoje sou mais tolerante quanto a isso, mas confesso que ainda sinto um certo desconforto quando alguém discorda de minhas opiniões. Dá uma coceirinha de começar a discutir….bem, mas aí passa e vamos em frente.

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