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17 - 23 minutes readE se Xena não existisse na década de 90?

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Um dos temas explorados nos seis anos de série, foram os famosos “What If’s”, ou seja, aqueles universos alternativos, que nos fazem pensar “E se tivesse ocorrido diferente”. Sem dúvida mudar os eventos dos destinos pode desencadear uma corrente mudanças que alcança uma proporção não imaginável.

Baseada nessa premissa, tive a idéia para esse artigo (às 3 da manhã, debaixo dos cobertores, num frio de 4 graus…oh life) que tratará exatamente uma dessas especulações:

E SE XENA NÃO TIVESSE ACONTECIDO NA DÉCADA DE 90?

E se não tivessemos uma série Xena Warrior Princess até os dias atuais?

E se Xena tivesse sido lançada na década atual?

Existem muitos pontos que podem ser especulados a partir disso, alguns positivos, alguns negativos, mas é inegável que muitas coisas, inclusive a vida de muitos fãs, não seria a mesma (se seria pior ou melhor, jamais saberemos).

Não é, em absoluto, um cenário fácil de se imaginar, já que essa “pequena mudança” no tempo afetaria vários aspectos… A influência de XWP em diversas áreas no decorrer de quase 20 anos, a tecnologia usada, o impacto na mídia, o corpo de atores E profissionais técnicos usados, entre tantas outras coisas. Então, para começar, vamos considerar no que Xena influenciou a nossa sociedade, tanto individualmente quanto coletivamente:

 

A Influência de Xena no Âmbito Televisivo

 

Ainda que muitos batam o pé quanto a isso, há de se reconhecer que Xena foi o marco inicial de uma revolução na caracterização feminina em produções televisivas  de ação no Ocidente, afinal, diferente de suas antecessoras como Sheena, Charlie’s Angels e Wonder Woman, a nossa princesa guerreira não demonstrava NENHUMA dependência em figuras masculinas ou super-poder de qualquer origem. Ou seja, Xena era dona do seu destino e badass por si só, e embora tenha trazido cenas que emanassem sensualidade, o foco da série nunca foi mostrar mulheres de biquíni lustrosas de suor chutando bundas em poses sensuais, como algumas produções que a precederam. Outro ponto importante a ser considerado, é que em XWP não temos “a mocinha da história lutando contra o mal”. Temos uma Anti-Heroína, atormentada por atrocidades cometidas num passado banhado à ódio, sangue e sede de vingança, que tenta reparar uma pequena parte do mal que cometeu, embora no seu âmago ela saiba que jamais conseguirá se perdoar ou ser perdoada. Temos uma personagem que apesar de ter se arrependido, e se voltado ao lado do bem, eventualmente libera seu lado negro, se mostra arrogante, estoica, deixando-se levar pela raiva e pela vingança, e precisando de uma bússola moral (Gabrielle) pra que não caia novamente no caminho das trevas. E uma personagem, que não faz questão de ser amada, mas muito ao contrário, não se acha digna de amor ou gratidão das pessoas.

Dito isso, vamos então puxar pela memória e ver afinal, que influências foram essas que Xena teve na TV da década de 90 até os dias de hoje.

Xena foi creditada por muitos (incluindo pelo próprio Joss Whedon, que deve ter se roído pra admitir isso) como uma série que abriu um caminho mais fácil de ser percorrido para muitas personagens femininas da ação.  Alguns exemplos do que sucedeu a série, ainda na década de 90, foi a aclamada Buffy The Vampire Slayer, lançada dois anos mais tarde em 1997. Epa, mas espera aí! Já havia um filme de Buffy em 1990, o nosso caro fã vampiresco pode dizer. E é evidente que eu não esqueci desse detalhe, mas vamos refletir: Após um filme frustrado no início da década, será que Joss Whedon teria reunido coragem e inspiração para reviver a personagem sete anos depois, se o ambiente não estivesse propício para tal? E mais, será que a indústria televisiva, a qual bem sabemos, é movida à dólares, teria lhe dado o aval, se não houvesse um campo de segurança criado por Xena dois anos antes? Mas afinal, se tudo se tratava de coragem e liberação de verba, o que providenciou esses elementos à Robert Tapert e John Scullian?

Para responder isso, temos que fazer conjecturas baseadas em mais de um elemento. Primeiro, consideremos a grande paixão de Tapert pelas produções de Hong Kong, onde figuras orientais femininas arrebentando dentes e ossos dos inimigos eram e ainda são bastante comuns. Paixão essa, que fez com XWP se tornasse uma salada repleta de referências à filmes orientais clássicos como Tai Ji Quan, The East is Red, Drunk Master, Once Upon a Time in China, Fong Sai Yuk, The Bride with White Hair e Dragon’s Inn. É claro que só paixão não faz milagres, e nesse ponto tenho que dizer que devemos à Hercules The Legendary Journeys uma porta aberta (ainda que eu e 90% do xenaverse torçamos o nariz para o seboso herói grego interpretado por Kevin Sorbo), já que a série sendo ambientada num contexto fantástico-mitológico, fez com que se tornasse mais fácil uma série com a mesma temática ser emplacada.

É claro que isso por si só não resolvia todos os problemas dos nossos corajosos produtores, o próprio Robert Tapert nos contou numa entrevista ao Whoosh a reação de seu colega, Sam Raimi, ao escutar sua nova proposta.

“You just can’t do a female superhero show. It’s not gonna work!”
“Você não pode simplesmente criar uma série com um super herói feminino. Não vai dar certo!”

Gosto de imaginar que Robert deve ter respondido com um sonoro “watch me“, mas o fato é que FELIZMENTE ele não deu ouvidos ao mau agoro do amigo de infância e incentivado por Dan Fillie, um dos técnicos da Universal (tão louco quanto Tapert) fizeram os primeiros planos para Xena (que a princípio se chamaria Bekka, mas felizmente um amigo dos dois os aconselhou que “qualquer coisa que tenha a letra X envolvida chama a atenção das pessoas”). John Schullian se juntou ao bolo, planejando beleza e sensualidade para a heroína, o que foi mesclado aos planos de poder, ferocidade e ímpeto vindos da mente de Tapert, e assim nasceu Xena, engatinhando com as sobras de cenário de Hercules the Legendary Journeys, mas ganhando o coração do público. Ignoremos o fato de que inicialmente alguém na produção teve a idéia de jerico de imaginar Xena viajando ao lado de “PAN, o ginasta acrobata da floresta” e lutando com o poderoso “Khan, the Great”, felizmente tudo tem limite, até a loucura dos TPTB.

Mas voltando ao cenário pós-Xena,  além de muito provavelmente ter reaberto as portas para a loirinha adolescente caça-vampiros, Xena também deixou a estrada livre para personagens tanto da ação quanto da fantasia, como Dark Angel, Sydney Bristow, Starbuck, a volta de La Femme Nikita, as bruxas de Charmed,  e é claro, a adorada Noiva de Kill Bill (sendo Tarantino um fã entusiasta de Xena e seus temas de vingança). E já que citamos A Noiva e Starbuck, que não são séries noventistas, podemos também incluir na lista, o recente reboot de Nikita e Lost Girl (essa última, que evidentemente bebeu muito da fonte de Xena e Buffy). Sem contar, o recente filme Colombiana, que faz menção direta à força e poder da princesa guerreira, admirada pela pequena Cataleya.

 Então, excluindo Xena lá de 1995, fica difícil repensar ou sequer imaginar o cenário das heroínas de ação das últimas duas décadas. Será que teríamos tantas personagens fortes tanto na TV quanto no cinema? Ou será que o cenário feminino no gênero da ação ainda estaria engatinhando, com filmes não tão conceituados como Elektra, Aeon Flux, Ultraviolet e outros similares?

Mas a influência da alta morena de cabelos longos e olhos azuis não para por aí. Partindo para o lado mais técnico da situação, podemos supor que sem Xena iniciando lá em 1995, talvez produções consagradas como Kill Bill e Lord of the Rings tivessem sido levemente modificadas. Mas como assim?

Zoe Bell

Para quem não sabe (ainda existe alguém?) uma das mais talentosas dublês de Xena, Zoe Bell, foi também a dublê de Bellatrix Kiddo, a Noiva sedenta de vingança. E se a Noiva teve as acrobacias e movimentos de luta que teve, tão peculiares e perfeccionistas, é porque foi em Xena que Zoe pôde brilhar e impressionar inicialmente. Não tenho a pretensão de dizer que Kill Bill teria sido pior com outra dublê (se é que teria existido, sendo Tarantino um entusiasta de Xena por sua história de vingança), mas é evidente que se mexermos em um elemento de todo esse conjunto que forma um filme, a obra sofreria alterações, pois cada profissional tem sua particularidade no que diz respeito ao trabalho que executa.

Me arrisco a dizer que Lord of the Rings cairia na mesma situação, pelo menos no que diz respeito à indumentária de elfos e guerreiros do filme. Qualquer xenite mais observador que tenha babado no figurino de XWP nos 5 primeiros anos da série, deve agradecer a uma profissional em especial pelos vestidos, couros e outras peças de vestuário da série, a figurinista Ngila Dickson, que após seu trabalho notável em Xena Warrior Princess, foi “roubada” do xenaverse pelos produtores de Lord of the Rings!

Mas vamos viajar só mais um pouquinho? Se tem algum fã de Sillent Hill (jogos e filme) presente, que levante a mão! Quem já jogou pelo menos um dos títulos da macabra série, deve ter ouvido em sua trilha sonora  (nas poucas faixas vocais de cada volume) uma voz poderosa e cheia de talento se juntando aos arranjos de Akira Yamaoka. Essa voz atende pelo nome de Mary Elizabeth McGlynn, e o que essa pessoa tem a ver com Xena, eu já lhes explicarei.

Lá na primeira temporada da série, teve aquele episódio quase esquecido da Pandora, não é verdade? Mary Elizabeth é a própria Pandora, que durante as filmagens do episódio sofreu um pequeno acidente e quebrou a perna. Isso fez com que ela passasse alguns meses de molho, e para matar o tempo, ela começou a estudar dublagem de videogames, e acabou entrando de cabeça nessa carreira. Posteriormente se tornou não apenas dubladora, mas diretora de dublagem de muitos títulos famosos como Resident Evil 4 e 5, Final Fantasy VII, Devil May Cry e Castlevania. Além de ter trabalho em vários animes. A própria artista admite, que embora na época parecesse azar, ter quebrado a perna durante Xena, foi a melhor coisa que lhe ocorreu profissionalmente!

 

O lado…colorido da influência

 

Mas o que a ausência de XWP lá em 1995 teria afetado não se limita ao gênero da ação e questões técnicas. Para algumas pessoas, assistir Xena era libertador, e aqui eu trato de uma parcela em especial do fandom, a parcela LGBT.

Antes de 1995, não havia nenhuma série de TV que lidasse com temas gays e se fizesse tão mainstream na mídia. Existiam filmes, é verdade, contudo a maioria deles, pouco conhecidos. A carência de um produto assim, que não fizesse um big deal da questão sexualidade, fez com que essa parcela de fãs começasse a “shippar”1 Xena e Gabrielle, afinal não se tinha visto até então na tv, uma mulher forte, independente que tivesse como companhia constante uma tagarela contadora de histórias que largou família e noivo para trás para viver aventuras ao lado de uma guerreira. Os produtores entraram na brincadeira e começaram a inserir os famosos subtextos na série, ou seja, o discurso, seja verbal ou visual, gay inserido nas entrelinhas. É verdade que as vezes esse discurso rompia a barreira das entrelinhas e se tornava bastante óbvio, mas logo os TPTB2 levavam uns puxões de orelha da Universal e tinham que andar na linha novamente, afinal, eram os anos 90. Podia-se chocar, mas só até certo ponto, para não perder espectadores. A solução encontrada foi enfiar o termo “almas gêmeas” na história. Xena e Gabrielle eram almas gêmeas, ponto. Se elas tinham um relacionamento romântico ou não, ficava para os fãs interpretarem. Mas é bem verdade que os fãs adeptos ao subtexto, os famosos subbers3 tinham uma bela ajuda vinda de alguns roteiristas em especial, como Steven Sears, Chris Manheim, Katherine Fugate e o próprio Tapert, que sempre achavam um jeitinho especial de driblar a vigilância da Universal, enquanto outros roteiristas como R J Stewart, davam chiliquinhos e diziam que o show precisava se mostrar mais heteronormativo, fazendo a alegria dos chamados shippers3.

Mas o fato é que, mesmo tendo ficado em cima do muro por muito tempo, termos como “GAY!”, “almas gêmeas apaixonadas” entre outros, inevitavelmente saíram da boca da produção (mesmo nem precisando, afinal os subbers já estavam bem convencidos) e isso fez com que Xena se tornasse um ícone. Não apenas por inserir esse famoso subtexto entre as protagonistas, mas também por nos trazer personagens como Miss Artiphys, a miss transexual interpretada pelo transexual na vida real Geoff Gann (Karen Dior), Jace, o colorido e entusiasmado irmão dançarino de Joxer, Vidalus, Calígula, interpretado pela diva Alexis Arquette e uma versão de Brunhilda toda apaixonadinha por Gabrielle.

Lucy Lawless e Karen Dior

Ainda que haja quem critique Robert Tapert, acusando-o de não ter tido a mesma coragem de Joss Whedon nesse sentido, o qual inseriu em Buffy um casal abertamente gay, Tara e Willow, há de se convir que vários fatores favoreceram o lado de Whedon, sendo seguro dizer que um desses fatores muito provavelmente seja, novamente, o campo de segurança e tolerância, que vinha sendo instalado por XWP. Além disso, XWP e BTVS, são séries de igual impacto mas com moldes diferentes, ainda que tenham incontáveis semelhanças (sejam coincidências ou não). XENA, foi uma série muito mais nuclear, ou seja, centrada em duas personagens, ainda que eventualmente os coadjuvantes aparecessem. O núcleo fixo de Buffy (até por ela ser uma adolescente, e não uma viajante) era bem maior, ou seja, toda a atenção obviamente não cairia somente sobre Tara e Willow.

O fato é que é inegável que para existirem produções como Queer as Folk, The L Word, Lip Service, e séries não temáticas, mas onde existem personagens gays tratados de maneira natural, como O.C, Once and AgainSkins, Pretty Little Liars e Glee, foi necessário que alguém desse o pontapé inicial anos antes. Pontapé esse dado com uma bota de couro, se é que me entendem. Se excluirmos esse marco inicial lá de 1995, só teríamos esse pontapé dado em 2000, por Tara e Willow, se tivéssemos sorte de elas terem existido.

É verdade que a XENA de 2012, teria mais liberdade no que diz respeito a subtexto, mas  aí vale refletir… será que a série não acabaria se tornando banal, se focada em demasia nesse aspecto? Não apenas isso ocorreria, mas haveria uma diminuição considerável no número de espectadores, afinal os shippers acabariam desmotivados.

 

 A Magia dos anos 90

 

 Ah, a nostalgia que essa década me traz! Na década de 90, certamente as famílias eram mais unidas e muitos se sentavam na frente da TV ao fim de tarde para assistir Xena lidando com o vilão da semana. O ambiente virtual de livre acesso à todos ainda dava seus primeiros passos. Internet era privilégio de quem tinha muito dinheiro, e ainda assim, era se sujeitar a uma conexão com velocidade mínima! Nada de downloads de episódios! Nada de Amazon.Com! Poucos eram os fóruns de discussão, AOL era ainda um império e Ausxip e Whoosh eram bebês recém-nascidos. Ou seja, diferente de como ocorre com as séries de hoje, a maior parte da divulgação do seriado se fazia por via televisiva ou impressa, e não virtual. Por volta de 1996, que timidamente grupos de discussão e sites de informação sobre XWP começavam a se formar, e aí, meus caros xenites, eu, que só assisti Xena por completo em 2006,  lhes digo que sinto saudade de algo que não vivi. Que delícia deve ter sido fazer parte daquelas comunidades alvoroçadas por episódios inéditos, criando mil teorias baseadas nos poucos spoilers que saíam, se emocionando com arcos dramáticos, e xingando muito no twitter os roteiristas pelas eventuais bananadas.

Naquela época, felizmente, o maior inimigo de qualquer protagonista da TV eram os vilões das próprias séries e não o risco eminente de cancelamento, do qual sofrem TANTAS séries hoje (NÉ DONA ABC STUDIOS). Séries na maior parte das vezes, eram terminadas , e não cortadas no meio por questões de audiência, como se a culpa fosse dos próprios fãs.

 O público, era mais “inocente” não se deixando seduzir por efeitos especiais caríssimos, e se deixando cativar pelo puro e simples roteiro, que fazia rir, chorar e suspirar. Afinal, quem precisa de bullet time slow motion quando o próprio script se garante para prender a atenção dos fãs?

E foi nesse ambiente que Xena nasceu e rapidamente se consolidou como um fandom detentor de milhares e milhares de fãs ao redor do mundo, se tornando uma das séries de maior destaque dos anos 90. Um verdadeiro mito! Bonecas, camisetas, chaveiros,  inúmeras revistas, kits de fanclub com vídeos em VHS, clube de fotos. Rapidamente essa história de redenção superou até seu programa de origem, deixando Kevin Sorbo dando altos pitis por “Xena ter lhe roubado tudo”.

E olha que o canal de origem, o fossilizado USA CHANNEL tinha o maior respeito pela série, promovendo vídeos de divulgação super caprichados, maratonas, especiais entre outros mimos para os fãs. Que série hoje em dia, por mais bem sucedida, tem tudo isso? E pasmem! A ordem dos episódios era respeitada. Sim, isso é surpreendente, se acompanharmos o histórico de uma certa emissora que bateu o RECORD em pulos de episódios, troca de ordem, cortes de cenas entre outras bananadas sem justificativa.

Há quem ache que se Xena tivesse sido produzida nos dias atuais, teríamos a vantagem de efeitos especiais mais caprichados, por causa de um provável orçamento mais confortável e da evolução tecnológica, mas será que a série teria adquirido o império de fãs que conseguiu? Talvez seja característica própria aos xenites se mostrarem tão entusiastas e apaixonados, mas eu não vejo esse tipo de entusiasmo nos fandoms das séries atuais, por mais que elas sejam GRANDES sucessos do momento. Como disse a Chapo, há algumas semanas, os fandoms de outras séries teriam muita sorte se tivessem um acervo como é o Whoosh, para os xenites. A quem estamos enganando! Os fandoms brasileiros de muitas séries teriam sorte de ter um acervo como é a Revista Xenite, para suas séries! Mas a questão é, que hoje em dia o entusiasmo é passageiro. O mercado atual tem muito mais produções do que o mercado dos anos noventa. Mesmo os maiores sucessos, acabam sendo passageiros, ou caem no desgaste facilmente (pelo amor de todos os deuses, ninguém aguentaria mais temporadas de Smallville). O gênero da fantasia em especial (falando-se de TV, e não cinema), teve um período muito down em meados dos anos 2000, e só voltou a ser explorado com propriedade nos últimos 3 ou 4 anos, com o surgimento de séries como Merlin, Legend of the Seeker, Spartacus, Game of Thrones, entre outras.

Em suma, por mais bem produzida em termos técnicos, de roteiro e de orçamento que Xena fosse HOJE EM DIA, dificilmente teria conquistado a legião de fãs que conquistou tendo “nascido” em 1995. Até porque achar atrizes com a sintonia de Lucy Lawless e Renée O’ Connor, que colocaram o amor pela série acima do estrelismo e se mostraram verdadeiramente apaixonadas por seu trabalho, é algo difícil de ocorrer hoje em dia,  e queiramos ou não, Xena em 2012, SERIA com outras atrizes (muito possivelmente, infelizmente, nos padrões de uma Megan Fox da vida, ou algo assim).

 

Mas e se ela tivesse conquistado mesmo assim?

 

Aí estaríamos feitos! Porque certamente teríamos uma divulgação massiva. blu rays, games (decentes, não desgraças como o produzido pela Blast), aplicativos de Facebook, e mais uma série de bugigangas pra tomar o dinheiro de fãs apaixonados. As convenções Xenites, as famosas Xenacons, provavelmente ocorreriam a nível mundial e não apenas em território americano. Obviamente, não teríamos os famosos “defeitos especiais” (por outro lado poderíamos ter o abuso de slow motion + aceleração, como ocorre em algumas produções atuais), e talvez, se tivéssemos a sorte de XWP ser produzida por uma HBO da vida, não haveria tanta necessidade de aplicação de efeitos em CGI para criar determinados cenários, já que o canal não poupa dinheiro com viagens para filmar algumas cenas. Mas pra isso durar, teríamos que torcer e muito, pra XWP ser a queridinha de alguma distribuidora, caso contrário, ao menor sinal de queda de audiência, correria risco de não ver a luz do dia na próxima temporada.

 

A influência social

 

 

Ainda que nunca tenha levantado bandeiras feministas ou transformado a série num ringue de briga de sexos, Xena contribuiu muito para o dito “feminismo” no momento em que ninguém questionava a habilidade dela comandar um exército, ou o sonho de Gabrielle de fugir de um casamento arranjado para ir explorar o mundo. Ou seja, tanto as protagonistas quanto as demais mulheres retratadas em Xena eram apenas humanas sem privilégios nem desvantagens, algumas eram guerreiras (como Xena, Callisto, Mavican, Velasca), algumas eram civis (como Helena, Gabrielle no começo, Talassa) , algumas eram sensuais (como Afrodite e a própria Xena), algumas eram sonhadoras (como Gabrielle, Tara, Eris), algumas eram desafiadoras e fortes (como Callisto, Boadiceia, Najara), algumas eram românticas (como Minya, Lila e Genia). E ironicamente num dos únicos episódios onde o tema “guerra dos sexos” é abordado, temos Glaphyra, uma mulher, cheia de preconceitos contra os homens que acaba aprendendo uma lição e vendo que o mundo não se trata de Homens contra Mulheres, mas de Bem contra o Mal. Ou seja, sem ondular bandeiras ou queimar sutiãs, XWP mostra que mulheres podem ser independentes e fortes (sisteeers are doin’ it for theeeemselves), sem necessariamente odiarem homens. E isso deu força para muitas mulheres que adentraram o xenaverse, não apenas para lutar por um lugar ao sol numa sociedade patriarcalista, mas também para lutar contra outro vilões, tão ameaçadores quanto os senhores da Guerra que Xena enfrentava, como por exemplo o câncer de mama. Para ter uma idéia do que me refiro aqui, se tiverem oportunidade leiam a obra “How Xena changed our lives”, uma compilação de depoimentos de fãs feita por Nikki Stratford, que nos faz rir e chorar.

Algumas histórias incluem depoimentos de pessoas que se apoiaram em Xena e Gabrielle em momentos cruciais de suas vidas, como dar o passo inicial para vencer um vício em Vicodin e conseguir superar a abstinência sem ajuda profissional, por falta de dinheiro, ou encontrar a coragem pra se submeter a um transplante de medula. Há também quem tenha encontrado coragem para erguer a cabeça e dar voz aos pensamentos sem medo do que os outros poderão apontar, aqueles que encontraram no seu coração lugar para perdão e ainda outros que conseguiram superar a morte de uma pessoa amada, seja este um melhor amigo, um cônjuge, pais ou irmãos, afinal se Xena levou tantos socos e pontapés da vida, e manteve-se forte, porque não podemos fazer o mesmo?

O fato é que de um modo ou de outro, com maior ou menor intensidade, Xena afetou a vida de muita gente, não apenas no que diz respeito à vida emocional ou saúde, mas também no âmbito profissional. Muitos escritores deram seus primeiros passos escrevendo fanfics4, sendo essas histórias a porta de entrada para uma escrita mais profissional. Há hoje, jornalistas que ingressaram nessa carreira após escreverem artigos para o Whoosh e perceberem que levavam jeito para a coisa. Existem até mesmo artistas gráficos que iniciaram na área brincando no photoshop ou editando vídeos musicais sobre a série, e hoje trabalham em grandes empresas ou até mesmo tem suas pequenas companhias de produção cinematográfica, tudo porque lá atrás, existiu uma série que lhes inspirou o suficiente para tentar expressar sua admiração artisticamente.

 Então, eu encerro esse artigo – que já está mais longo do que era pretendido – convidando você leitor xenite a refletir. E na sua vida, o que Xena influenciou? Se você não tivesse passado todos esses anos assistindo a guerreira e a barda erguendo bandidos na porrada e trazendo mensagens filosóficas em cada episódio, você seria a mesma pessoa? Nos conte nos comentários, e aproveite para deixar sua opinião: se Xena fosse uma série inédita hoje, será que teria o mesmo impacto que teve na década de 90?

Um grande abraço a todos!

 

 Glossário

Shippar 1: Apoiar romanticamente um par ficcional.

TPTB 2: The Powers That Be = Os produtores e roteiristas da série.

Subbers e Shippers3: Dentro do contexto da série, subbers, palavra que deriva de “SUBtext”, caracterizam a parcela de fãs que apóiam Xena e Gabrielle como par romântico na série, já os shippers, caracterizam os que acreditam mais fortemente no relacionamento de Xena ou Gabrielle com qualquer outro personagem masculino, como Ares ou Joxer.

 Fanfics4: Derivado de Fanfiction. Histórias escritas por fãs que trazem personagens consagrados como protagonistas mas não fazem parte da narrativa oficial de uma obra.

 

Referências

STAFFORD, Nikki. How Xena Changed Our Lives. Toronto: ECW Press, 2002.

YOUNG, Cathy. What we owe Xena. [online] Setembro de 2005. Disponível em http://www.cathyyoung.net/features/whatweowexena.html

WEISBROT, Robert. The Official Guide to the Xenaverse. New Yourk: Doubleday, 1998.

Whoosh.Org. Disponível em http://www.whoosh.org

 

28 Comments

  • Pedro Henrique

    Mary, sensacional a forma como você articulou o tema. Talvez essa abertura que Xena proporcionou a mulheres no comando, dificilmente tivesse atingido o patamar de hoje: autonomia dos criadores para sustentar uma trama com uma personagem feminina.
    Sobre os efeitos sociais, é sempre emocionante a gente ler coisas como How Xena Changed Our Lives, porque a gente se vê ali, sempre, e acaba se sentindo inspirado a escrever também.
    Eu terminei o artigo boquiaberto. Espero algum dia conseguir escrever um tão interessante como este.
    Parabéns! 🙂

  • Alê Chmiel

    Mary Anne… tu me emocionou além da conta com esse artigo.
    Há poucos dias levantei um tópico parecido, sobre como a série seria se fosse criada nos anos 1980, e tu me falaste da ideia deste artigo aqui. Fiquei ansiosíssimo.
    A tua sabedoria e teu estudo são admiráveis, mas isso eu já estava cabeludo de saber (careca não, eu hein…). Mas o que tu demonstraste aqui foi um amor incondicional que sempre sonhei enxergar em outro alguém; alguém que amasse essa série e a analisasse não apenas como um seriado, mas um marco que mudou a vida de muitas pessoas, e o mundo, como profetizava a apresentação de XWP.
    Foi lindo, tocante demais ver minhas heroínas preferidas citadas aqui e descobrir outras ainda que ganharam vida a partir da nossa Princesa Guerreira (Buffy, Sydney, Beatrix Kiddo <3 ). Heroínas que quase tanto quanto Xena modificaram minha vida de maneira imensurável.
    Já li "How Xena Changed Our Lives" e é impossível não se identificar com as histórias, pois todo Xenite tem uma história pra contar sobre how Xena changed MY life.
    O mais incrível deste artigo foi ver a repercussão da série, de uma forma que eu nem mesmo ponderava – QUANTA GENTE essa série não transformou? Crescemos com XWP, e a melhor coisa disso tudo é que continuamos crescendo, continuamos a perpetuar o amor por tudo que XWP nos trouxe e traz. Fãs existem aos montes, mas daqui 10, 20 anos, quantos fandoms vão poder dizer "eu amo" ao invés de "eu adorava"? Porque XWP é eterno, nosso amor é eterno.
    Mas acho que me engano, essa talvez não seja a melhor parte. O mais lindo, admirável, honroso e gratificante que XWP nos dá são as pessoas que conhecemos pelo caminho. Obrigado à televisão, obrigado à internet, por permitir que vidas se cruzem dessa forma, contruindo relações como a nossa, de xenite pra xenite, de mim pra ti, Mary, de pessoas que veem XENA como uma filosofia, uma religião, uma moral, um viver pelo Bem Maior.
    Poderia passar a noite toda elogiando tal texto. Fiquei realmente comovido, embasbacado por tuas palavras que me deram arrepios, sorrisos, alarmes, furor extasiante.
    Perfeito, Mary Anne. Imagine o gigante Alê de pé, aplaudindo.

  • ABarda

    Eita artigo grande! Mas muito bom, é claro.
    Eu não acho que, se feita hoje, a série teria o poder que teve na década de 90. Correríamos um grande risco de ver os efeitos especiais tomando conta da série, ao invés da história cativante. E Zeus nos livre de uma Mega Fox interpretando Xena. Sai pra lá, Mephistopheles!
    E eu acho que o uso da internet pelos fãs de série seria um pouco diferente. Pelo que eu já li -porque sou nova demais pra ter presenciado isso-, o fandom xenite foi o primeiro a invadir a internet. Acho que a organização dos fandoms na internet aconteceria de forma diferente. Sem contar que, se XWP fosse uma série atual, o tumblr estaria cheio de brigas entre blogs subbers e shippers. No me gusta.
    Agora, sobre “como XWP influenciou a minha vida”, eu diria que teve muita coisa. Quando eu era criança e via pelo SBT, Xena me deu um exemplo diferente das outras heroínas/protagonistas, e, já que eu não via graça nas outras personagens femininas, foi a Princesa Guerreira que ajudou a formar meu caráter. Depois, quando eu tinha 14 anos e estava passando por um período difícil na minha vida, onde eu não conseguia confiar em ninguém -nem em mim-, eu comecei a ver Xena na Recorte e, de novo, tinha um modelo. “Se Xena, que fez tantas coisas erradas assim, pode se redimir, eu também posso.”
    E, por fim, se não fosse por causa de Xena, eu jamais teria ido ao Encontro Xenite de São Paulo ano passado, e talvez nunca conhecesse a *minha* Princesa Guerreira (<3)
    Ops… Acho que empolguei no comentário.

  • Xeila

    Ante de tudo parabéns pela excelente matéria! Uma das melhores q eu já li…
    Acredito q a série não teria mesmo essa legião de fãs se fosse feita nos dias atuais, pelas mesmas razões q vc já mencionou. Agora, o q ainda me intriga muito, e isso eu devo à complexidade dos seres humanos, é pq eu vejo a série mais completa q já existiu em termos artísticos, roteiro, direção, abordagem de temas humanos universais, e ouço de muitas pessoas (meus contemporâneos) q assistiram quase toda a série: “ah, é legalzinha, mas aqueles efeitos…”….. COMO ASSIM???????
    A minha curiosidade beira à indignação, e da mesma forma sou vista c o mesmo estranhamento, como alguém que parou na adolescência e de lá não quer mais sair. Bom, tenho que confessar que isso me entristece um pouco, mas está longe de me tirar o sono, pelo contrário, pretendo continuar por aqui por um boooom tempo, só até Xena deixar de fazer sentido… rsrs
    Ouvi dia desses q poderia ser pq uma das características dessa série é ser formadora de caráter, mas isso tb não se encaixou, já q meu caráter não foi moldado por ela (eu já era bem crescidinha), mas foi contado por ela; tudo no q eu acreditava e acredito estava ali, bem na minha frente, numa série de TV, produzida no outro lado do planeta… que bruxaria é essa? (rsrs)… sem contar a força q encontrei na série pra enfrentar zilhões de momentos difíceis por q todos passam, mas q não detalharei pq afinal isso é pra ser só um comentário (rsrsrs)…. enfim, nem todos veem a série com esses olhos apaixonados que nós vemos e é preciso aceitação, mas compreensão, tô passando longe ainda… um dia, quem sabe.

  • Chapo

    em suma, XWP é um “after Ellen” das séries. Uma inspiração pra independencia feminina. Um heroina cheia de defeitos e obscuridade. Porem na busca da justiça.
    Se não fosse por ela, talvez até sair do armário pro mundo todo fosse dificil. Talvez sermos nós mesmos fosse mais complicado.
    E talvez essa revista fosse Revista Rebeldes e fossemos defensores da Maili Çairuz sem interesse nenhum em história e sem os amigos q temos hoje…
    só mais uma coisa: Por pouquissimo Xena não chamaria XEKKA neh?

    uma das melhores materias q ja li nessa revista! viva aos 4° do sul

  • Monique Cantuário

    Realmente esse foi um artigo maravilhoso!
    Como eu sempre costumo comentar, XWP foi um divisor de águas na década de 90, Sem falar que retratou muitos assuntos que até antes de XWP aparecer eram considerados Tabus pela sociedade (que na minha opinião)que era ou ainda é altamente hipócrita, como: Homossexualismo, feminismo e outros grandes assuntos abordados na série. Creio que se tivesse sido feita na década em que estamos, o “relacionamento” entre Xena e Gabrielle teria sido muito mais explicito. Mas não podemos deixar de lado que o fato de terem “subtextos” abrilhantou a série, pois fica sempre aquela dúvida á respeito, o famoso “será que é isso mesmo? Não pode ser! Com certeza é!” e outras coisas mais que perambulam a cabeça de quem assiste a série pela primeira vez. Sem falar que eu nunca tinha visto atrizes “casarem” tão bem com seus personagens. As interpretações de Lucy e Renee são impecáveis, ao assistirmos a série, sentimos que elas se entregam de corpo, alma e coração aos seus personagens e isso é muito legal! Eu não vejo outras atrizes interpretando Xena e Gabrielle á não ser Lucy e Renee. De já dou parabéns pelo artigo e parabéns a essas atrizes tão excepcionais e talentosas como Lucy (nossa eterna princesa guerreira) e Renee (nossa eterna barda).

  • Luiz Carlos

    Que analise vislumbrada por varios angulos! Fantastica! Deslumbrante! Sensacional! Mary! Creio que voce bebe da fonte da sabedoria e conhecimento de Athena!

  • Ruanna Modesto

    Comentando.

    Sempre me fiz esse questionamento: se Xena fosse produzida em 2012, teria essa legião de fãs que ama fielmente? Esse amor ia durar muito tempo como dura?! Será que existiria a RX? Acho que a Mary foi pontual em esclarecer isso. Concordo plenamente.
    O mercado de séries é vasto e bem temático. Se você parar hoje e pensar em um tema qualquer, haverá uma série a respeito, com certeza.
    A de convir que, XWP foi o divisor de águas, foi ali que o ‘mundo’ parou e pensou: “Como assim, duas mulheres almas-gêmeas? Preciso ver isso.” Era algo surpreendente, até então para aquela época!
    A série em si souber muito bem cativar seus telespectadores, de uma forma sutil e singela. LL e ROC são merecedoras de tamanho sucesso que carregam até hoje por protagonizarem personagens que mudaram a TV.
    XWP foi pioneira, clássica, amadora, excelente, foi XWP!
    Definitivamente, XWP teve sua fórmula mágica de fazer sucesso e render fãs pelo mundo inteiro. E essa fórmula mágica nenhuma outra série terá!

  • Mary Anne

    Obrigada pelos comentários pessoal!
    Fico feliz que tenham gostado do artigo. Sei que ficou MUITO longo, mas espero que não tenham se cansado na leitura.

  • Robeson Cardoso dos Santos

    Mary, que jóia preciosa de artigo! Fiquei comovido e arrepios corriam pela minha nuca conforme eu seguia a leitura!

    Tenho muita sorte de ter podido acompanhar XWP pelo USA, sem duvida a melhor fase da minha infância e adolescência!

    Algum dia que eu puder te encontrar pessoalmente, te darei meu melhor abraço em gratidão a esses maravilhosos momentos que tu me proporciona lendo teus textos!

    P.S.: tu gostas de abraços, né? 😀

  • Di Fiori

    Mary Anne, onde eu assino? Concordo com tudo que vc escreveu! Realmente, posso dizer que não estaria aqui se não fosse Xena… É interessante ver como tudo que gosto e tudo que vivo e vivi tem ligação com XWP, chega a ser estranho até, mas tudo me remete a ela. Minha vida é reflexo da Xena boa e da Xena má a todo tempo. E sei que deve ser o mesmo com todos que passam por aqui. Com Xena aprendi a não desistir nunca, por maior que seja a dificuldade. Assim venci: Um pai mau (Orestes?), uma grande decepção amorosa (César?), uma doença (seriam flechas ou envenenamento?), um trabalho difícil -primeiro nos Correios, depois como Moto-táxi ( Sim, o trânsito parece uma guerra!) e as drogas (lutando contra seu próprio desejo – Lao-Ma sabia das coisas!)… Desistir? jamais!

  • Daniel Ribeiro

    Parabéns pelo ótimo texto, para mim o que mais o seriado Xena é capaz de expressar é essa dualidade do ser humano, de que ninguém e totalmente bom ou mal, e sim o que diferencia as pessoas é o que você faz com cada lado do seu ser.

  • leo

    Lindo o artigo……ainda me lembro de quando acordava 10:00 da manha no domingo so pra ver a princesa guerreira. Nessa epoca tinha uns 6 anos (isso foi em 98), vi pela 1a vez o episodio “blind faith” da 2a temp., o q ela fica cega ,no SBT, e nao deu outra….virei fã no momento em q compreendi sua coragem e força. Ate hoje, com quase 20 anos , nao consigo deixar de assistir .Ela com certeza teve impacto no que eu sou hoje, pois sempre tive como inspiração ela.
    E imagine nossas vidas sem a buffy e a sydnei ainda…Deus o livre!!
    Eu era tao louco pela serie q na epoca q passava no USA (e eu n tinha tv a cabo nem computador, q merda) eu tive q implorar pra um tio meu, q eu nao tinha nenhuma liberdade, pra gravar pelo menos 1 ep. no USA, na fita cassete, no sp (so 2 horas pra gravar), e ele gravo uns 3, há muito tempo nao sentia tanta felicidade… =)

    • leo

      E vcs poderiam me indicar algum lugar pra baixar os episodios com qualidade avi??? tem um monte de site na net, mas todos os servidores apontam “file not found”….eu ja teria comprado o box original a algum tempo atras mas preciso pelo menos da legenda em espanhol, só ingles nao rola !!!

  • Brunella França

    Eu simplesmente não seria a pessoa que eu sou hoje se Xena não tivesse existido. Conheci a personagem na infância. Em 1995, eu tinha 8 anos. E sofria a perda do meu avô, que era mais que um pai pra mim. Sofria calada. XWP me ensinou a escrever, a lidar com meus sentimentos, a superar cada dia, cada adversidade, a ser forte e a lutar, ainda que eu nunca tenha empunhado uma arma ou sais, mesmo que eu não tenha um chakram ou que não tenha levantado bandidos por aí.
    Xena e Gabrielle me ensinaram sobre o amor, muito mais que os livros e romances que viria a ler em minha vida. As lições, os sorrisos, as lágrimas, o poder que cada pessoa tem e o dever de cada pessoa em fazer do mundo um lugar melhor(ou lutar por isso). Elas foram minhas mestras.
    Xena e Gabrielle me ensinaram que o Dom Supremo, o Amor, é o que rege o Universo, independente das crenças de cada pessoa. Respeito, amizade, humildade, humanidade. Tanto aprendizado, tanto me foi dado por essas duas heroínas… Sinto como se parte delas vivesse sempre em mim.
    E eu nunca me esquecerei. E cada vez que passo por uma situação difícil, cada vez que preciso enfrentar um grande desafio, é na força delas que me inspiro. Sempre!

  • Jaqueline

    Nossa… eu não consigo nem imaginar a minha vida sem Xena. A importância e influência dessa série em todos os aspectos é inegável. Na minha vida então… nem se fala. Ela foi, é, e sempre será a melhor série da minha vida. Amor eterno!!!

  • Jaqueline

    Artigo maravilhoso… incrível… surpreendente e perfeito(como sempre). Obrigada Mary Anne Witkowski por mais uma matéria excelente. Adorei. Parabéns mesmo!!! E que venham muitas outras.

  • Giulia Listo

    Artigo incrível! Muito bom mesmo.
    Como muitos aqui, também cresci nos anos 90. Preciso assumir que, quando era criança, não gostei de Xena logo de cara. Não parei para assistir, então não entendia qual era a daquelas duas mulheres lutando. Mas, me lembro claramente de vê-las, me lembro da atração que existia dela e do Hércules na Universal Studios em Orlando, me lembro das revistas nas bancas.
    De uma forma ou de outra, elas já estavam dentro de mim. E já estavam alterando o mundo a minha volta sem que eu percebesse.
    Esse mundo que eu teria que enfrentar anos mais tarde. Um mundo ainda cheio de preconceitos e dores. E eu não sabia mas elas estariam na minha estrada novamente, me ensinando a lutar, a ser forte, a encontrar meu caminho e a amar.
    Não sei o que seria de mim sem essa força. Não sei como seria o meu caminho se lá no começo, Xena e Gabrielle não tivesse começado essa batalha por mim, por nós todos.
    Mas só consigo acreditar que seria bem mais penoso, bem mais doloroso.
    Obrigada Xena, Gabby e obrigada Mary pelo artigo maravilhoso.

  • Tai

    Mary como sempre nos deixando de boca aberta. Muito bom seu artigo, mana. De fato, Xena foi um pontapé inicial, mas ás vezes acho que se Xena fosse lançado agora, talvez tivesse menos subtexto e mais ação. Se é que me entende. (q). Só que aí não teria o encanto que XWP tem para nós, poderia até ficar muito erótico. Gosto do jeito sutil que a relação entre as duas nos foi apresentado.

  • Luis

    O que!? Quando Jace apareceu na série? Só me lembro dele ser citado por Jet. A Record vetou esse episódio?
    Num episódio é citado que Xena induziu Lucifer a se rebelar! Em outros falam sobre a morte de Strafes com o envolvimento de Callisto, também não me recordo de ver tais episódios.

  • Robson Bardo

    Nossa, Luis, como tu tá perdido!

    O Jace, irmão “gay” do Joxer e do Jet aparece no episódio musical da 5a temporada, o Lyre Lyre, Hearts on Fire.

    Xena corrompeu o arcanjo Lúcifer a virar o senhor do Inferno em Heart of Darkness (o 3° da 6a temporada).

    O Strife morre num episódio de Hércules em que a Callisto aparece. Ela usa a adaga que mata imortais nele.

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