GIRL POWER – MULHER MARAVILHA
Uma releitura sobre a Mulher Maravilha e suas origens
Pesquisa e redação: Mára Núbia
Revisão e edição: Alessandro Chmiel
Uma princesa que cumpre seu destino indicado pelos deuses em levar a fraternidade e harmonia entre todos os componentes da humanidade independentemente de sexo, cor, credo, origem, e mesmo reverente à sua mãe e rainha, não deixa o perigo e as armadilhas da vida a desviarem do caminho do bem maior.
Diana Prince, princesa das amazonas, é a maior heroína de todos os tempos. Num mundo de homens, leva a mensagem de lutar pelo que é correto e em defesa do verdadeiro papel feminino no mundo.
Forte, franca, verdadeira, veloz, bela e bondosa. Em uma só mulher, todos os atributos de uma grande princesa, que entende servir ao povo e conduzi-lo à verdadeira grandeza como principal função da realeza. Seu povo, por ordem divina, passa a ser toda a humanidade, e a grandeza está em auxiliar a todos em reconhecerem-se dotados do poder inerente em cada ser humano. A fé em si mesmo.
Farei um apanhado da Mulher Maravilha de George Pérez, Len Wein e Greg Potter, pós-crise, e a do seriado de TV da WB.
VAMOS À HISTÓRIA – HQ
Em tempos de pré-história, um homem das cavernas angustiado, ferido e furioso por ter perdido a mão em uma caçada e ser discriminado pelo grupo, chega em sua caverna, sendo acolhido por sua companheira. A atenção dela ofende e ele a agride, matando-a no local. A alma desta mulher se une a várias outras vítimas deste tipo de violência numa espécie de limbo, na caverna das almas no reino de Hades, interior de Gaia, incluindo a da criança que ela esperava.
Os Deuses Olímpicos, reunidos em assembleia, traçam planos para que a humanidade possa sempre reverenciá-los e ser levada ao progresso. Ares deseja esta nova ordem dedicada à guerra, mas Artemis e Atena argumentam que deveria ser uma ordem de guerreiras, criadas no esplendor da paz e fraternidade. Recebem autorização para isso e buscam aquelas almas puras, e das águas do lago emerge uma raça de mulheres. Apenas uma alma ficou naquele espaço sagrado, aguardando o momento adequado de surgir. A primeira a emergir das águas foi Hipólita e a segunda Antíope, e elas lideraram as amazonas em Temyscira.
Hércules, buscando o cinturão da Rainha Hipólita como um de seus trabalhos para Euristeu, invade a ilha com um grupo de guerreiros, sendo derrotado pela rainha, mas apresenta-se como aliado e em um jantar, droga Hipólita subjugando-a e a todas as amazonas. São acorrentadas, violadas, espancadas e mortas.
Presa em um calabouço, Hipólita ora e é atendida, recebendo a capacidade de se mover com extrema rapidez. Assim, ela surge em vários pontos da ilha, libertando suas irmãs e as conduzindo à vitória. Mas elas haviam sido advertidas de que deveriam manter os ideais de fraternidade e justiça, porém não dão ouvidos à sua rainha e buscam vingança, maculando assim o propósito para o qual foram criadas, que era levar uma ordem dedicada à convivência harmoniosa entre homens e mulheres para o progresso da humanidade.
Recebem a possibilidade de voltarem ao estado puro, mas deveriam se penitenciar protegendo a humanidade do terrível mal guardado no subsolo de uma ilha protegida dos olhares dos homens. Antíope renega as deusas, pois entende que elas não auxiliaram quando estavam sendo massacradas. Ela entrega seu cinturão para Hipólita e segue vai com um grupo de seguidoras ainda em busca de vingança, enquanto Hipólita e suas irmãs marcham através do mar que Posseidon abre a pedido de Ceres até a ilha que denominam Paraíso e lá constroem uma civilização, enquanto impedem o mal de sair, tornando-se imortais e carcereiras, protetoras da humanidade.
Muitos anos depois, tomada de incrível melancolia, a rainha Hipólita é orientada pelo Oráculo e recebe indicações de ir até o litoral, e moldar uma criança no barro do paraíso, pois sua tristeza era por sua filha e, abrindo sua alma à Artemis, revelou o que ia em seu coração. As deusas se reuniram novamente no núcleo de Gaia e enviaram a alma de sua criança para aquele bebê moldado, que se tornou a única criança com quem elas conviveram em mais de 30 séculos e a única da Ilha Paraíso. A criança recebeu o nome de uma aviadora americana que caiu na ilha há muitos anos e salvou a vida de muitas guerreiras, auxiliando a conter o grande mal do subsolo. Seu nome era Diana, e esta seria Diana, princesa das amazonas. As deusas lhe concederam dádivas que lhe seriam próprias quando atingisse a idade adulta. Deméter concedeu a força e poder como a própria terra; Afrodite, beleza e um coração amoroso; Atena, sabedoria; Héstia, afinidade com o fogo para abrir o coração dos homens; e o deus Hermes, velocidade e poder de voo.
Era uma criança com mais de mil mães, e Diana cresceu se tornando uma linda mulher. Forte, sábia e bela.
Através do Oráculo, a rainha é sabedora que deverá enviar uma campeã ao mundo dos homens para combater Ares e proíbe a princesa de participar do torneio que escolheria a campeã, cuja prova final para a vencedora seria a do trovão, capaz de destruir com um estampido: uma pistola que a aviadora usara em um tiro ao alvo, na qual esta vencedora atuará como alvo e deverá se manter viva desviando as balas com o bracelete de metal, que todas usam no pulso, como lembrete da escravidão que foram submetidas por Hércules.
A princesa participa disfarçada por ordem divina, vence, recebe o laço da verdade dos próprios deuses e é testemunha da queda de um avião com um piloto militar veterano da segunda guerra, de quem trata e é peça chave para vencer Ares, não lhe passando despercebido que seus trajes guerreiros e os emblemas do homem são semelhantes.
A Mulher Maravilha vem para o mundo dos homens, encontra uma professora de História que a auxilia, estabelecendo-se como embaixadora de Temyscira; vence Ares, que planejava uma grande guerra, ao conseguir fazer Ares perceber que o fim da humanidade ocasionaria o fim dos deuses, pois reinaria sobre um nada.
Assim se estabeleceu a releitura desta heroína, a maior amazona de todos os tempos. É neste momento da queda do aviador da segunda guerra que inicia a Mulher Maravilha da série de TV, estrelada por Lynda Carter, que se manteve por três temporadas. Apenas na primeira temporada desta série, o fato acontece durante a segunda guerra mundial e antecede o torneio de escolha da campeã.
Também aqui, Diana salva o piloto, que foi o primeiro homem com o qual tivera contato, e quis tratá-lo como enfermeira, alegando um estudo científico e com métodos próprios e indolores. A “cientista” da Ilha investiga o que trouxe este homem ao paraíso, ficando sabedora da segunda guerra mundial e da ameaça nazista. (Aliás uma cena engraçada foi a rainha Hipólita recordando dos homens e suas atitudes de violência, ganância, sua … […] – assim mesmo, com reticências, onde a expressão da atriz dando a entender algo luxurioso é impagável e a explicação da rainha para a filha de que a ilha é chamada de paraíso, por não haver homens nela, é algo que vale a pena ver.)
Participando disfarçada do torneio que seleciona a campeã, o qual ela vence contra as ordens da rainha, Diana recebe o traje guerreiro, o cinto, a tiara e o laço da verdade, indo para o mundo dos homens. Entretanto, ao deixar o coronel em um hospital, percebe que terá que andar disfarçada. Para ficar próxima ao Cel. Steve Trevor, ela assume um posto como sua ordenança, a praça Diana Prince no Departamento de Guerra, e com acesso a informações privilegiadas ela combate os nazistas, salvando o mundo e o Coronel diversas vezes.
A série não explica como foi o retorno de Diana para a Ilha Paraíso, mas em 1977, tentando impedir terroristas internacionais de se darem bem, um agente da inteligência faz o avião cair no Triângulo das Bermudas, sobre a Ilha Paraíso.
Já conhecedoras do mundo exterior, as amazonas vão investigar e Diana tem uma grande surpresa ao se deparar com um homem idêntico ao Steve Trevor que conheceu na década de 1940.
Analisando os documentos e fazendo uma investigação mais minuciosa, num transe hipnótico as amazonas descobrem tratar-se do filho do Coronel que Diana conhecera (“filhos como uma forma própria de imortalidade”) e ela se dá conta que a ameaça atual é semelhante e talvez maior que a dos nazistas. São os tempos da guerra fria, e a “inteligência” para qual Steve trabalha recebe uma nova e poliglota agente capaz de usar as armas, tecnologias e veículos da época, que atuará como parceira de investigações, mas ainda subordinada a ele.
O grupo (Comando de Defesa Interagências da América) tem acesso direto ao presidente através de uma videoconferência, com computadores enormes em salas que abrem com códigos. Um robozinho ligado ao computador (que sabe a identidade secreta da Mulher Maravilha) dá o toque cômico. Lutam contra negociantes de armas, loucos que querem dominar o mundo, potências estrangeiras e terroristas, havendo inclusive um extraterrestre que aparece tanto na década de 1940, numa espécie de julgamento interplanetário da terra e da humanidade, como na de 70 para derrotar invasores ladrões de cérebro.
A série aborda de forma leve temas como os campos de concentração para descendentes de japoneses nos EUA, preconceitos sociais, e exerce seu charme nas mais diferentes situações, como clonagem de Hitler na Argentina, uma menina superpoderosa de uma civilização mística, o mundo da música ou órfãos em um rancho.
De qualquer maneira, a Mulher Maravilha é uma super-heroína em todas as dimensões, sempre fazendo o possível para não tirar uma vida e extremamente feminina. Defendendo crianças, correndo atrás de bandidos e mantendo a paz mundial, com uma filosofia de convivência harmônica mesmo nestes ambientes belicosos.
Algumas considerações sobre a Mulher Maravilha e Xena
Temos sempre que perceber que talvez as semelhanças entre as heroínas estejam em serem mulheres ligadas ao Panteão Grego, belíssimas, donas de uma linda voz e que fazem o que acreditam ser o certo, terminando aí qualquer semelhança.
A Mulher Maravilha é imortal (no sentido de não adoecer, nem envelhecer). Já Xena não quis aproveitar as chances de imortalidade e jamais foi, pretendeu ser ou se comportou como se fosse uma amazona, não sendo bem-vinda pelos Olímpicos; a Mulher Maravilha é a amazona por excelência, princesa de Temyscira, abençoada dos deuses.
Podemos considerar que Xena jamais teria um comandante, muito menos um parceiro que lhe determinasse o que fazer (Bórias que o diga), e Diana ou se disfarçava em papéis submissos ou se aliava a grupos onde homens davam as cartas e tinha “um interesse muito interessado” em Steve Trevor (pai e filho,) sempre salvando-os de encrencas, enquanto Xena tinha interesse em salvar Gabrielle.
Há uma entrevista de Lynda Carter onde perguntam pra ela sobre Xena e ela depois de elogiar LL e dizer que ambas as personagens eram ícones do poder feminino, diz algo como: […] “a Mulher Maravilha tinha classe e a Xena é… Xena (num tom de voz que representa toda a força da Princesa Guerreira – quase como o dublador da apresentação da série no Brasil)”. Confira: <http://www.youtube.com/watch?v=bzw8TWMZcEU>.
E ela tem toda a razão! Embora Xena fosse capaz de se disfarçar e também usar sua sensualidade para atingir os objetivos, não era uma dama. Uma dama não sobreviveria em seu mundo e ela era uma guerreira solitária (sem um séquito), que tomava banho em rios e lagos, andava a cavalo no sol, caçava sua comida e lutava, inclusive matando para se defender – e suas sósias estão aí para atestar que “modos de dama” não desenvolvem aquela musculatura nem as habilidades necessárias para manipular armas ou situações. Princesa Diana (de todos os nomes tinham que escolher este?? Uma homenagem talvez??), Sacerdotisa Leah ou até mesmo Meg (que também não era uma dama, mas não tinha as habilidades guerreiras).
As atrizes têm muito mais em comum do que o fato de terem sido Miss Nova Zelândia (LL) e Miss Estados Unidos / Miss Mundo (LC), lindas e com sorrisos marcantes. Ambas foram ou são cantoras, em ambas as séries cantam por seus personagens e ambas as séries apresentam concursos de Miss e situações de musicais.
Tem uma coisa que a Mulher Maravilha sempre irá vencer a Xena: o concurso de corrida com bota de salto alto e bico fino. Quer coisa mais urbana, de quem usa tecnologia e veículos motorizados (ou outra propulsão qualquer)?
Agradecemos os comentários!
Curiosidades
1 – A aviadora Diana era mãe do Cel. Steve Trevor, e ele é salvo pela princesa Diana na versão da releitura nas HQs e na série televisiva da década de 1970.
2 – A prova do Trovão da releitura HQ onde capitã Philipus atira para matar, na série da teve é tratada como balas e braceletes e as duas competidoras finalistas atiram uma na outra como numa roleta russa a alguns passos de distância,.
3 – Nas HQs, Diana voa e desconhece o avião a quem ela e suas irmãs chamam de pássaro, enquanto na série de TV há o famoso avião invisível nos mesmos desenhos e aerodinâmica arredondada dos aviões da segunda guerra (década de 1940) e em seu retorno na década de 70 apresenta um desenho coerente com aviões de guerra da época – caça supersônico.
4 – O criador da Mulher Maravilha, sob o pseudônimo de Charles Moulton, William Moulton Marston é um dos criadores do detector de mentiras (polígrafo), o que seria a inspiração para o famoso laço da verdade.
5 – A Mulher Maravilha mantém muitos dados sobre as amazonas e mitologia próximos.
6 – Na série de TV, a força de Diana vem de um metal chamado Feminum, do qual é feito os braceletes que usa; sem eles, é uma mulher comum. A tiara servia como um comunicador (usavam o espelho como tela) e também podia ser lançada como um bumerangue, sempre voltando para as mãos de sua dona.
7 – Em dezembro de 1941, foi a primeira heroína criada pela DC Comics.
8- Lynda Jean Córdoba Carter (Phoenix, 24 de julho de 1951) é uma atriz norte-americana. 3 turnês como cantora, e cantou duas canções num episódio de W.W.
Fontes:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Lynda_Carter
BIBLIOTECA DC VOLUME 1- MULHER MARAVILHA, PANINI BOOKS. MAIO 2008.
http://moviebuffone.blogspot.com.br/2010/08/especial-series-mulher-maravilha-lynda_3546.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Mulher-Maravilha
3 Comments
Alê Chmiel
MÁRA MARAVILHA!!!
Foi um prazer ajudar a compor teu trabalho, Mára! Desde antes do início da RX, ao pensar qual seria a primeira GP a dar as caras aqui, a MM veio à mente. Mas como escrever sobre tal heroína sem o devido conhecimento? A coluna tava te esperando, é claro! Belo trabalho, dá pra sentir tua adoração por ela nas tuas palavras. A entrevista vale muito a pena ser vista, é contagiante a empolgação de Mrs. Carter por nossa Xena. Grande beijo!
Luiz Carlos
Mulher-Maravilha foi minha heroina numero,ate bem pouco tempo!A admiro pelo seu simbolismo,na luta contra o nazismo! Alem do fato de ser uma amazona campeã..acho que devo considera-la ainda como numero 1,pois Xena é uma heroina diferente de tudo! É extra-serie,nao pode entrar numa pretensa lista,ela ganha facil!
Parabens pela materia,Mara!!
cind
Mara adorei confesso que o primeiro contato que tive com a mulher maravilha foi assistindo liga da justiça kkkkkkk eu acho a M.M da liga muito arrogante eu gostava mas da mulher gavião rsrsrsrsrs mas lendo seu artigo,vendo sua paixão pela heroina e toda historia em si me deu uma vontade de assistir a esse seriado futura fã da mulher maravilha