Girl Power

4 - 5 minutes readUma identidade virtual, um sonho, uma mulher.

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GIRL POWER – n. 32

A Trindade de uma heroína!

Por Alessandro Chmiel

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            ADQUIRINDO CONEXÃO … … … PADRONIZAÇÃO DE DADOS … … … … … … SESSÃO INICIADA

 

            O que é realidade para você, Xenite? Acordar pela manhã, respirar fundo, espreguiçar-se, lavar o rosto, essas junções de pequenos afazeres humanos? A realidade de Xena e Gabrielle, por exemplo, é pra lá de surrealista: magia, mitologia, viagens no tempo, no espaço, viagens espirituais, ressurreição… Uma infinidade imaginativa que nos encanta quase dez anos após o fim da série. A literatura é fonte de realidades fictícias onde podemos mergulhar e vivenciar outras vidas. E as tais realidades virtuais? Vai dizer que nossos amigos Xenites por todo o Brasil, inclusive os colunistas desta revista tão verdadeira, são fruto de algo que não existe? Para mim a RX é mais concreta do que qualquer pedaço de papel. A noção de real e irreal, hoje e desde sempre, se confunde para longe do tangível. Então, como diria nosso bom e velho Joxer, “acordando e levantando” para a realidade (fictícia? Moahahahaha!!!) de Matrix, e da nossa primeira Girl Power de 2011, Trinity. Conecte-se!

            E se nosso mundo, esse onde você rola a barra da página da RX para ler o artigo até o fim, esse onde o seu PC depende de eletricidade (e onde você já fica irritadiço porque o colunista parece enrolar demais) fosse tudo ilusão? Melhor dizendo: e se você fosse parte de uma programação digital, e tudo não passasse de existência virtual – não é artificialidade plástica, pois a plasticidade não existe, é idealizada para você por outros seres. Esse é o passo inicial de Matrix, e para conferir toda a filosofia por trás da saga, só mesmo vendo a trilogia de filmes dos irmãos Wachowski e outros tantos derivados no anime, nos games, nos livros e discussões mundo afora.

            A heroína Trinity (interpretada por Carrie-Anne Moss – 43) dá as caras logo na primeira cena de Matrix (The Matrix), e quem não entende as leis da Matrix já saca tudo como uma viageira samurai onde pessoas têm o peso de um pergaminho, a agilidade de Hermes e a força de uma Valquíria. Os saltos lembram o Xenaverse em muitos sentidos, onde cada guerreiro habilidoso entende por si quanto tempo pode pairar no ar e dar quantos golpes quiser no oponente (será que a Xena sabia utilizar o nirvana pra saltar tão alto na Grécia antiga?). Mesmo programada, Trinity treinou duramente para poder sobreviver ao mundo virtual da Matrix e combater o domínio das máquinas que colocaram a humanidade sob essa escravidão hipnótica, e realizar o sonho de ser livre, ser humana sem amarras, ser carne e osso de verdade. Ser viva.

            Mas a Trinity do mundo de verdade, no filme, é mais uma das vítimas que vivem escondidas das máquinas exterminadoras de humanos, pobres vítimas das vidas que não escolheram, quase como Gabrielle no universo alternativo de 02×02 – Remember Nothing. Mas assim como o destino da poetisa foi modificado quando Xena entrou em sua vida, Trinity teve a esperança elevada por um salvador, um guia na batalha contra os opressores tecnológicos. Neo (Keanu Reeves – 46) é como o Messias da salvação de todos, em especial do coração de Trinity.

            Como toda heroína que se preze – e aqui encontra-se sua maior semelhança com Xena –, Trinity não serve para mocinha, nem para ser a grande mulher por trás do grande homem, e sim ao seu lado! Além de apresentá-lo ao mundo real (deles, não o nosso da Matrix, confunde um pouco…), ela por inúmeras vezes mostra o caminho para Neo, lhe dando força através de um amor um tanto descomunal: não como simples casalzinho apaixonado, mais como adoração mesmo. Parece familiar? Adicione uma dose de misticismo: Trinity significa Trindade, e muitos fãs de Matrix afirmam que ela não passa de uma criatura figurativa para a santa Trindade Católica: o Pai, o Filho, e o Espírito Santo. Há cenas nos filmes que deixam subentendida essa relação transcendental da heroína com o divino, e Trinity chega, inclusive, a responder quando Neo exclama “Jesus!” ou “Deus!”, mas o roteiro deixa propositalmente nas entrelinhas.

            Matrix é, de fato, um filme para ser assistido e reassistido. Trinity é um mito entre o real, irreal, físico e sobrenatural, tão forte quanto a nossa Princesa Guerreira é para quem a admira. Além de toda essa magnitude, poucas mulheres ficam tão bem em couro quanto Trinity (a gente sabe disso).

            A Revista Xenite só tem a crescer em 2011, tanto da parte do pessoal colaborador quanto do lado de fora, das centenas de Xenites e não-Xenites leitores, que nos enriquecem com seus comentários sempre bem-vindos. Lembro a todos que sugestões para Girl Power e pedidos para participar como colaborador ou autor da coluna por uma edição são válidos e esperados – como você vê a sua Girl Power? Como ela é através dos seus olhos, e como a receberemos aos nossos? Até fevereiro, porque preciso sair…

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