Xena e a polêmica dos episódios religiosos
Por Andréia Lopes
Como bem sabemos, há toda um misticismo envolvendo o seriado “Xena – a Princesa Guerreira”, e mesmo hoje, já se tendo decorridos alguns anos de seu cancelamento e mais recentemente com sua volta à TV, mais polêmicas vieram à tona , gerando milhares de comunidades, salas de bate-papo e discussões acaloradas sobre o real envolvimento de Xena (LL) e Gabby (ROC). M as na época de sua primeira exibição, alguns episódios causaram uma verdadeira “Guerra Santa” entre os produtores do seriado e algumas religiões. Revendo meus arquivos pessoais de material sobre Xena, achei algo que seja de interesse de todos os nossos amigos da Revista Xenite e então vou dividir com vocês, meus amigos.
A matéria citada foi originalmente publicada na Revista Sci-Fi News de junho/99 e trazia como título: “THE INDIA EPISODES – Depois de conquistar um exército de fãs mundo a fora nas telinhas, Xena agora é pivô de uma barulhenta polêmica religiosa”.
“Para quem não é ligado nas aventuras da heroína, exibida nas manhãs dos domingos pelo SBT, e em cinco dias da semana, em dois horários, pelo canal pago USA, aqui vai uma palhinha: Xena era uma personagem da série Hércules que ganhou programa próprio e agora, faz mais sucesso que ele (sintam o desdém do autor do texto ). Ela era uma andarilha do mundo antigo, natural da Macedônia, região da Grécia, que defende os fracos e oprimidos ao longo de todo o mediterrâneo, já tendo viajado também para a Bretanha e à China. Ela esteve na Guerra de Tróia, lutou como gladiadora no Coliseu, viveu as mais diversas aventuras ao lado de seus amigos Joxer e Gabrielle, seus fiéis escudeiros. Provavelmente, o grande sucesso do seriado se deva em parte ao carisma da atriz Lucy Lawless (alta, forte, morena e de olhos azuis, descoberta pela equipe de produção do seriado na Nova Zelândia …). Pois desta vez a personagem resolveu aventurar-se pela Índia e os hindus não gostaram principalmente do episódio “ THE WAY ( O CAMINHO)”. No episódio, Xena contracena com Krishna e isso foi um insulto para seus devotos. Ainda durante as filmagens, organizações hindus no mundo todo enviaram cartas à Universal Studios e colocaram páginas na internet, defendendo os seguintes pontos: Krishna atualmente é adorado por um bilhão de hindus e não deve ser comparado aos deuses da antiguidade grega, portanto, os hindus não admitem Krishna em um papel ficticional, assim como Jesus e Maomé (acho que se referiram aqui a El i), também não podem ser personagens de entretenimento. No episodio, Krishna é chamado para ajudar Xena a resgatar Gabrielle, “sua amante lésbica” (segundo os hindus) e faz parecer com que Krishna e a religião Védica aprovem e abençoem relacionamentos homossexuais – o que não é verdade.
Robert Tapert (Produtor do seriado e pra tristeza de muitos casado com LL), à época em carta divulgada pela internet, respondeu que os dois primeiros pontos mereciam sim uma discussão e um pedido de desculpas para os que se achassem ofendidos, mas que o terceiro ponto deveria ir para a categoria de intolerância como milhares de outras cartas recebidas que protestavam contra o amor inter-racial nas duas séries e entre muitas outras criticas e discriminações (será que ele falava do relacionamento de Xena e Gabby?).
Reneé O’Connor, a atriz que interpreta Gabrielle, a companheira ( não seria amiga, fiel escudeira, etc, etc), declarou na época que as duas personagens eram tão homossexuais quanto Batman e Robin ou Mickey e Pateta e que a relação das duas causava boatos por se tratarem de umas mulheres e que isso incomodava muito. Xena, no seriado, já havia sido noiva duas vezes, deitara e rolara com Hércules, Ares, Iolaus e outros personagens. Gabby, por sua vez, perdeu a virgindade para o marido que morreu no dia seguinte ( Nossa que horror. Santa promiscuidade). Mas entre as duas, sempre houve um clima ambíguo e até excitante (Nossa, os famosos subtextos!).
O tal episódio polêmico, na época de sua exibição nos Estados Unidos, foi ao ar no dia 22 de fevereiro de 1999, ficando em terceiro lugar de audiência, abaixo de Arquivo – X e Star Trek: DS9, mas acima de Hércules, Earth: Final Conflict entre outros… Depois disso, a Universal Studios não resistiu à pressão e prometeu que o episódio não seria distribuído (por isso que a gente fala. A perseguição). O episódio era a conclusão de um ciclo de quatro que se passavam na Índia, e para tanto, foram usados na época flashbacks das memórias de Gabby se desfazendo de seu cajado queimado no rio, pois agora ela caminharia pelo caminho da paz ( foi aí que ela parou de brigar), pois quem fez sua cabeça foi um “judeu barbudo de olhos verdes, que pregava o amor e tinha o dom da cura”,
(Nomes e fatos são fictícios, semelhança com fatos e pessoas reais são mera coincidência)
Bom amigos, é isso. Tentei passar pra vocês um resumo das três páginas da matéria. Achei interessante demais ver como trataram do assunto na época e como ainda hoje isso é tão verdadeiro.
One Comment
Mára
Concordo com os hindus. Krishna é um Deus vivo, embora os Deuses gregos também mas em menor dimensão. Agora, comparar Krishna (um Deus) à Maomé ou Jesus é ignorar o Deus de Abraão ou Alá. Maomé não é e nunca foi colocado como um Deus, mas um profeta que deve ser respeitado e principalmente respeitado conforme suas crenças. Não concordo que houve desrespeito até por que a questão era combater um mal e não “salvar Gabrielle”. Gostei muito do artigo e saber como os produtores lidaram com os fatos. E pra constar… ja foi levantado esta questão de homossexualismo dos personagens infantis…