O Grande truque e XWP: A tênue linha entre a vingança e a obsessão
Yannara Marques
É curioso como todo mês eu não tenho a mínima idéia sobre qual filme escrever para RX e de última hora descubro algo que lembra a serie em algum aspecto.
Quem já viu O Grande Truque deve estar pensando: “WTH?”. O filme em questão aparentemente não tem NADA a ver com XWP. De fato, são estórias diferentes, passadas em épocas diferentes. Então por que estou escrevendo sobre ele?
Primeiro, vamos entender a estória…
De Christopher Nolan (o “grande” diretor de Batman – O cavaleiro das Trevas, Batman begins e Amnésia) O Grande Truque (baseado no livro The Prestige) não é mais um épico cheio de ação e aventura com mulheres guerreiras se redimindo de seus Sins of the past. O longa em questão é até complicado de ser enquadrado em algum tipo especifico de gênero narrativo cinematográfico, o que parece ser uma estória de mágicos é pano de fundo para uma silenciosa e turbulenta disputa psicológica entre os protagonistas interpretados por Hugh Jackman e Christian Bale.
Na Inglaterra do século XIX, numa época onde centros de diversões eram amplamente requisitados e recompensados, ser mágico era altamente lucrativo – se fosse bom nisso. Robert Angier (Jackman) e Alfred Borden (Bale) são dois mágicos que trabalham juntos e são melhores amigos até que um fatídico dia durante uma apresentação ocorre um acidente e a assistente e namorada de Robert morre. Robert imediatamente culpa Alfred, e começa a nutrir um incontrolável desejo de vingança.
Quando Alfred começa a ganhar fama com um novo truque o qual ninguém consegue explicar. Robert inicia sua obsessão em ser melhor que o “amigo”.
“Eu não faço isso pra me vingar, quero roubar o número dele.” – Robert revela no decorrer do filme
A vingança, que a principio tinha como motivador a morte da garota, avança e o conduz a um jogo de intrigas e poder, com conflitos e desfechos ambíguos com interpretações variadas.
Agora você está pensando: Onde entra XWP nisso tudo?
“Você criou um monstro com integridade Xena…. Assustador, não?– Callisto em Callisto
Todos se lembram de uma certa garotinha que teve a família morta por uma Senhora da Guerra e passou anos e anos nutrindo o desejo de, não só matá-la, mas ser melhor do que ela; fazer, o que ela faz, ser como ela.
Assim como para Robert, matar Alfred não era suficiente. E a sua vingança vai lentamente se transformando em uma perigosa obsessão, a vida de Callisto só tinha sentido enquanto se dedicava a Xena.
“Todos estes anos eu passei vivendo para destruir você. E então eu faço, e nada muda. Não me sinto melhor, apenas vazia.” – Callisto em Maternal Instincts
Outro ponto recorrente no filme é o questionamento dos sacrifícios. Que tipo de sacrifício que ambos os mágicos precisaram fazer para se dedicar à Mágica? Que tipo de sacrifício Alfred fez para seu truque ser um sucesso? Que tipo de sacrifício Robert fez para se vingar de Alfred? Que tipo de sacrifício Xena teve que fazer para lutar pelo Greater Good? Que tipo de sacrifícios Gabrielle fez para seguir Xena? Que tipo de sacrifícios nós fazemos todos os dias?
Caso alguém se aventure em ver o filme e desvendar os mistérios, fica a dica de algo um pouco melhor que Sessão da Tarde, apenas lembre-se: Olhe bem de perto.