Artigos,  Filmes

5 - 7 minutes readA sétima arte, colorida.

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Por Aryane

Por Titus

Seria hipocrisia negar que uma grande fatia do fandom de Xena é composto pela comunidade LGBT. Não adianta os shippers baterem o pé, cortarem os pulsos e darem piti, é inegável que Xena se tornou um ícone gay.

Refletindo sobre isso, resolvi convidar os colunistas Titus Torres e Ary Mello para criarmos uma coluna de cinema com essa temática.

E antes que os bicudinhos de plantão venham reclamar do “excesso” de artigos gays na revista, se incomodados, eu os convido a escrever sobre filmes essencialmente heteronormativos, que assim pelo menos teremos mais material a ser lido 😉

A coluna funcionará da seguinte forma: Todo mês serão escolhidos três filmes que abordem tópicos diversos, e que tenham algo explicitamente ou subtextualmente gay em seu enredo.

Cada um dos colunistas fará um breve comentário sobre a obra e dará uma nota. No final, elas terão sua média tirada e cabe ao leitor decidir assistir ou não (ou comentar, caso já tenha assistido).

 Então vamos aos filmes!

O SEGREDO DE BROKEBACK MOUNTAIN (2005)

 

“Jack, I swear”

Mary

Não tem como falar mal de um drama completamente aclamado pela mídia e com críticas tão positivas. Uma bela escolha de atores, pra encenar dois personagens vítimas do destino e das convenções sociais, quebrando o estereótipo hollywoodiano do cowboy durão e inabalável. Trilha sonora super elaborada cheia de beleza e tristeza. Ainda assim,  não consegui empatizar com o sofrimento de Ennis, ao qual o sobrenome Del Mar, se aplica em mais de uma simbologia.

Nota: 4.0

Ary

Jack Twist e Ennis Del Mar provoca nos espectadores uma ilustre e cativante forma de amor provocada por uma junção nada mecânica das forças da natureza e essência humana. Somos envolvidos por uma paixão avassaladora de homens fortes, cheios de masculinidade que descobrem em si mesmos um enorme poder de transformar suas próprias vidas com um amor inocente e incontrolável. Somos transportados para a Montanha de Brokeback, local onde nasce um dos sentimentos mais persistentes e verdadeiros do cinema.

Nota: 5.0

Titus

Natureza. Espalhada em todo o lugar nesse filme, nós podemos compreender o subtítulo: “O Amor é uma Força da Natureza” muito claramente. Ambientada na Montanha Brokeback, um lugar super gostoso de ficar, calmo, verde, que casa totalmente com a trilha sonora, principalmente com “The Wings”, do Gustavo Santaolalla, dois rapazes, bonitos, arranjam trabalhos bem simples – não tô falando que é fácil, se fosse eu pra cuidar das ovelhas, vixe, nem rola, tô falando que eles não eram bem remunerados –  por lá, e assim, tão sutilmente, eles começam a se aproximar e se apaixonar e sentir os sentimentos mais lindos: até numa cena em que eles lutam, dá pra ver todo o amor ali.

E aí por conta do tempo eles acabam voltando pras suas vidas na cidade, bah, que é bem conforme a sociedade, heteros e tudo mais, mas o amor deles, a natureza deles, continua sempre no lugar onde eles se descobriram, Brokeback Mountain.

Não vou falar do fim porque né, spoiler, mas é lindo viu, o filme inteiro é lindo, chorei durante dias, dias, ainda mais com The Wings ecoando no meu coração.

Um dos meus filmes favoritos, 5 milhões de estrelas

Nota: 5.0

MÉDIA FINAL: 4.6

 

D.E.B.S – AS SUPER ESPIÃS (2004)

“So if you’ll excuse me, I have a date with the devil”

Mary

É consenso geral. Não há quem não concorde que DEBS é um filme TOSCO.
O que, entretanto é diferente de dizer que é um filme RUIM, por ele está longe disso. Na sua mistura de exagero e simplicidade, DEBS garante boas risadas, parodiando as velhas produções com a premissa de “gostosonas trabalhando para o governo e salvando o mundo”, e trazendo na velha colisão maniqueísta, um casal cheia de química: A criminosa mundialmente procurada e temida, Lucy Diamond e a Espiã Top da corporação, Amy Bradshaw. Ao ver DEBS, não dá pra esperar realismo. O filme é recheado de situações absurdas, embaladas numa trilha sonora completamente empolgante.

Nota: 4.0

 

Ary

Debs provoca no telespectador sensações inesperadas! No primeiro momento, você está quase entediado, imaginando ser uma comédia romântica  mal feita, cheia de efeitos especiais ruins e uma turma de espiãs gostosas formadas em uma academia bem atípica. Porém, depois de alguns momentos na frente do longa, já não se consegue parar de assistir, tamanha é a fofura impregnada em cada cena. Lucy e Amy formam uma dupla cheia de química que irá te conquistar em cada claquete.

Nota: 3.5

 

Titus

Coragem. Gente, esse filme é pra passar o tempo sabe, é uma comédia que não exige pensar muito, mas ainda assim tem suas lições de moral, como largar tudo pelo amor, ir atrás dos seus sonhos, apoiar seus amigos etc, mas o melhor é ver uma super vilã se redimindo em nome do amor, que é tudo o que ela sempre quis, grande Lucy Diamond. Ela é muito a ativa da relação, é muito legal ver como ela desdobra pra conquistar a espiã Amy, que aos poucos vai se conhecendo melhor. E podemos ver a coragem nas atitudes loucas da Lucy Diamond pra conquistar seu amor, na Amy também, por se aceitar e gritar para o mundo a que ela veio e ir atrás, na Max, por sempre querer proteger suas espiãs amigas… E tudo isso demonstrado em diversas sequências que você simplesmente não consegue parar de assistir, acompanhado de melodias animadas e divertidas. Só que assim, por ser uma comédia o filme é levado de uma maneira digamos, superficial, o que eu não discordo – apesar de haver inúmeras comédias masterpiece, essa não pode ser considerada uma, como eu disse no começo, é um bom filme pra passar o tempo.

Nota: 3.0

MÉDIA FINAL: 3.5

 

PRISCILLA, A RAINHA DO DESERTO (1994)

“That’s just what this country needs: a cock in a frock on a rock.” 

Mary

Um filme que tinha tudo pra ser apenas uma comédia superficial, mas surpreende ao se mostrar repleto de simbologias e humor que varia do mais direto ao embasado em ironias sutis e bem construídas.
Cada personagem representando uma figura diferente no cenário gay, e Bob e Benjamin, gerações opostas mostrando que por mais dura a época, há sempre a esperança da compreensão, formam um time de personagens cativantes e reais.

Nota: 4.5

 

Ary

O longa desfaz a caricatura estereotipada das Drag Queens, trazendo uma visão humana, sensitiva e profunda. O humor contido nos leva a uma empolgante viagem cheia de charme e nos da uma gigantesca vontade de embarcar no Trailer junto com elas e participar de todas as situações inusitadas que aparecem pela vida afora.

Trilha sonora de dar inveja e atores deslumbrantes encarnando personagens reais e incríveis!

Nota: 4.0

 

Titus

Glamour. O filme é de 1994 (gee, o ano que eu nasci) e desde criança eu ouço falar desse filme – eu não lembro como, mas sei que desde sempre que tava no meu must-watch, sendo que eu nem sabia de que se tratava, talk about destiny LOL, então. É um clássico filme de drag queens, numa época em que a sociedade aceitava menos ainda esse tipo de comportamento, e até hoje, com toda a modernidade que vemos por aí, é um filme irreverente, em sua maioria pelas roupas desfiladas ao longo do filme (nota: com certeza a Lady Gaga se inspirou no estilo da Felicia / Adam). E a história não mostra apenas drags fazendo coisas loucas em vários lugares, mas sim a personalidade de cada uma, a divindade da Bernadette, a garra da Mitzi e do Anthony porque são duas faces diferentes, mas são a mesma pessoa, e toda a purpurina da Felicia, que me lembra pra caramba o Emmett, de Queer as Folk.

Me sinto mais realizado de ter visto esse filme enfim, e super recomendo pra quem quiser se divertir vendo 3 garotas lindas aprontando muito no deserto, e sem perder a pose, ao som de deliciosas músicas que marcaram os anos 70 principalmente!

Nota: 4.0

MÉDIA FINAL: 4.1

9 Comments

  • Pedro Henrique

    Incrível esse artigo! Gostaria de participar dos próximos, se vocês, brozinhos, me permitiram. Adorei.
    Sobre Brokeback Mountain, eu assisti ao filme pela primeira vez e não gostei de como os fatos foram abordados. Acho que faltou aquela esfera de urgência que assuntos que tratam desse tema específico reúnem, e isso é um problema da maioria dos filmes no gênero. Me disseram que eu era um sem coração por não ter sofrido com o filme e eu decidi reassistir com mais atenção e mantive a opinião. Não me agradou muito.
    Quanto aos outros dois filmes, não posso opinar, já que não assisti. 🙂

  • Keka

    De todos esses filmes o único que não vi foi DEBS, então nem comento dele rs.
    O Segredo de Brockebad Mountain eu particularmente esperava mais, achei que de todo marketing que foi empregado, e toda a história com o enredo inspirado em um assunto tão cheio de tabus, mas achei que acabou sendo fraco embora tenha mostrado algo que acontece e MUITO por aí: casais homossexuais que se apaixonam mas não ficam juntos por causa das aparências, não tem coragem de enfrentar os preconceitos da sociedade pra viver realmente o amor que sentem.
    E Priscilla, a Rainha do Deserto simplesmente é um dos filmes mais sensacionais que eu já vi. Apesar de ser velho trata com muito louvor e inteligencia o mundo das Drags. Gostei muito dele, e parabéns aos colunistas pelas abordagens.

  • Chapo

    só posso falar do primeiro filme, q foi o unico q assisti.
    Acho q tem uma frase(q alias não me lembro perfeitamente) que acho q resume o filme e a vida de uma pessoa q se descobre homossexual.
    “Eu não sou gay, eu te amo”
    Isso pra mim é tão profundo q poucas pessoas entendem que o que eles sentem e vivem é um amor, não um rótulo ofensivo (q na época era bem ofensivo).
    Enfim, show de artigo. Tomara q mês q vem tenha filmes q vi 😀

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