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9 - 12 minutes readGdE: 12×01 Presente de Grego

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EPISÓDIO Nº. 12
Temporada 1, episódio 12
Series 112

Nome em Português: “Presente de Grego”

Nome em inglês: Beware Greek Bearing Gifts

Nº de Produção: 76914
Nº do Roteiro: 114
Datas aproximadas de gravação: Novembro de 1995.

Data da primeira exibição do episódio: 15 de Janeiro de 1996.

SBT: 1996-1997*(data não confirmada)

Convidados Especiais

Elenco Regular

Créditos

Sinopse

Xena visita sua amiga Helena em Tróia, que sofre de pesadelos devido ao conflito da Guerra de Tróia. Enquanto Xena e Gabrielle enfrentam desafios para entrar na cidade, Gabrielle reencontra seu ex-noivo Perdicas, agora transformado e lutando por Tróia. Impressionada com sua mudança, Gabrielle reflete sobre suas escolhas passadas. Xena, conversando com Helena, percebe que ela está infeliz com sua vida em Tróia, sentindo-se confinada.

A trama se complica quando Deífobo, irmão de Páris e capitão da guarda, revela um cavalo de bambu, um presente dos gregos que na verdade esconde soldados inimigos. Suspeitando da traição, Xena organiza um refúgio num templo, mas Deífobo assassina Páris, visando ficar com Helena. O grupo de Xena se esconde dentro do cavalo de bambu, escapando após os gregos saírem e tomarem Tróia.

Na confusão, Xena confronta Deífobo em uma batalha intensa, vencendo-o. Perdicas decide proteger Helena, levando-a para um local seguro, afastando-se novamente de Gabrielle. Em um episódio posterior, “O Retorno de Calisto”, dirigido por T.J. Scott, Gabrielle e Perdicas se casam, mas ele encontra um trágico fim, selando seu breve reencontro com Gabrielle.

Comentários do Whoosh.org

 

Citada pela revista Ms. Magazine como um dos episódios de maior teor feminista de XWP, devido a certos diálogos entre Xena e Helena de Troia (“Xena pergunta a Helena: ‘O que você deseja fazer?’ Helena responde: ‘Ninguém nunca me perguntou isso antes!’), fica claro que XWP transcende o formato tradicional das séries de super-heroínas.

Em primeiro lugar, Xena distingue-se por não ser uma super-heroína convencional. Sua virtude não advém de magia, de ter nascido sob um sol de outra cor, ou de aprimoramentos científicos. Tal percepção foi posta à prova em uma versão inicial do roteiro de “THE FURIES” (#47), onde a linhagem de Xena é questionada. Contudo, revisões subsequentes do roteiro tornaram ambígua a alegação de Ares ser o pai de Xena, sugerindo que Xena levou as Fúrias a acreditarem nisso para afastá-las. Até este ponto na narrativa de Xena, ela não é considerada uma semideusa.

Em segundo lugar, Xena não se apoia na presença constante de um homem para salvá-la. Isso não muda nem mesmo com a exceção de Hércules, apesar de ele ser um semideus — mas vale ressaltar que todos os seus embates terminaram empatados, exceto quando Xena o venceu com uma jogada desleal em “Prometheus”. Essa dinâmica sofre uma reviravolta peculiar com a introdução de Joxer como personagem regular na segunda temporada. Ele assume mais o papel de bobo da corte do que de protetor de Xena, apesar de frequentemente se autointitular como tal.

Quando se trata de resgate, é geralmente Xena quem assume essa responsabilidade, especialmente na primeira temporada, onde ela frequentemente salva Gabrielle. Xena valoriza a companhia de Gabrielle não apenas por ter alguém para conversar ao redor da fogueira ou cuidar de seu cavalo, mas também como uma parceira digna de resgate. Parece que, para Xena, a presença de um homem não é necessária, impressão que Helena também começa a compartilhar após se desvencilhar de Perdicas.

Perdicas reaparece na vida de Gabrielle não só transformado fisicamente, mas também interpretado por um novo ator. O renovado Perdicas traz reviravoltas para Gabrielle em “RETORNO DE CALISTO” (#29), convencendo-a a casar-se com ele, apenas para ser tragicamente morto por Callisto em um intenso período de 24 horas. Uma reviravolta impressionante para o personagem.

 

Fofocas

  • Em 30 de janeiro de 1998, uma entrevista futura com Maggie Hickerson, coordenadora de roteiros de XWP, prevista para ser publicada em março de 1998 na WHOOSH, traz lembranças sobre a audição de Galyn Gorg. “Raramente temos a oportunidade de assistir às audições para os papéis diretamente em nossos escritórios. A exceção foi durante a seleção para o papel de Helena de Troia. O assistente de roteiro e eu tínhamos uma inclinação pela atriz que acabou conquistando o papel. Ele já tinha trabalhado com ela anteriormente, então, quando ela chegou, foi a única que realmente conversou conosco. Enquanto as outras estavam concentradas em suas falas, Galyn Gorg mostrou-se mais à vontade e mencionou: ‘Ah, não nos vemos desde o nosso trabalho em M.A.N.T.I.S.’ Ela era simpática, e, embora todas as candidatas fossem atrativas, o que tornaria qualquer uma delas apropriada para o papel baseando-se apenas na aparência, Galyn se destacou pela sua tranquilidade e confiança, o que finalmente lhe garantiu o papel.”

Diferenças de Roteiro

Preparado por SheWho da Whoosh.org e traduzido por Amanda Perbeline.

Há uma piada interna sobre o novo ator que interpreta Perdicas, mas as mudanças neste roteiro não são tão fascinantes. Algo que me chamou atenção, porém, foi que a Gabrielle que vemos na tela era mais confiante e ativa em termos de luta do que a Gabrielle do roteiro, que praticamente não existe nas cenas de luta.

CUIDADO COM OS GREGOS TRAZENDO PRESENTES. Rascunho de Gravação. 16 de Novembro de 1995. Créditos de escrita a serem anunciados. Escritores colaboradores: Roy Thomas e Janis Hendler, Adam Armus & Nora Kay Foster. Dirigido por T. J. Scott

Na troca inicial entre Xena e Gabrielle, em vez de dizer, “Meia maçã, é só isso?” Xena pergunta, “Então, como isso aconteceu?” Após o estômago de Gabrielle roncar, ela diz, “Eu não disse nada.”

[Apenas uma observação minha: Este é o primeiro e único episódio que me lembro onde Xena e Gabrielle lutam em conjunto, ao estilo de Hércules e Iolaus. Xena acaba nos ombros de um cara, Gabrielle o acerta no estômago, e ele cai de joelhos. Pareceu coordenado. O roteiro não sugere muita participação de Gabrielle nesta luta; menciona apenas uma rápida batida em dois bandidos revividos com seu “bastão de caminhada”.]

No roteiro, Xena e Gabrielle rastejam de barriga até um local de onde podem ver Troia. Curiosamente, no roteiro Xena nocauteia, mas não mata, nenhum dos soldados atacantes durante sua corrida em direção às muralhas de Troia. (Ela atravessa uma espada por um batalhão inteiro na versão televisiva.) No roteiro, quando os soldados atacam, “Xena empurra Gabrielle para o lado” e faz toda a luta; há uma descrição longa da luta de Xena, mas nenhuma menção a Gabrielle, que dá uma surra nos inimigos na versão televisiva. Em vez disso, a única menção a Gabrielle durante sua aproximação das muralhas é uma indicação de que “Xena continua a lutar contra os atacantes gregos, mas seus números estão crescendo. Dois deles avistam Gabrielle e se movem ameaçadoramente em sua direção.” [Felizmente, alguém pensou em retratar Gabrielle como algo mais do que um acessório parado na versão da tela.]

Perdicas é descrito como “um soldado bonito, na casa dos 20 anos”. [Sem comentários.] [Perdicas foi descrito como estando na casa dos 30 no roteiro de SINS OF THE PAST.]

No roteiro, Perdicas grita para Gabrielle entrar, mas ela fica lá manejando seu bastão de caminhada até Xena chamar, “Vai, Gabrielle! Agora!” Então ela corre para os portões.

Logo após encontrar o novo Perdicas, Gabrielle diz a Xena, “Estou te dizendo, ele não é o mesmo. Até seu andar é diferente.” Xena responde, “As pessoas mudam, Gabrielle.” [Isso é, claro, uma piada interna sobre um novo ator sendo escalado como Perdicas.]

Na versão televisiva, quando Perdicas diz a Xena que ela terá que falar com Deífobo, Xena diz, “Quem é ela?” O roteiro diz, “Quem é ele?” [Me pergunto se essa foi uma ideia da LL.]

Uma alteração de comentário: Após Perdicas dizer a Xena que ver Helena e Paris é contra as regras, Xena diz, “Eu também sou.” Na versão televisiva, ela diz, “Isso nunca me incomodou antes.”

Esta versão do roteiro de gravação indica que toda a troca inicial entre Xena e Helena foi reescrita do roteiro original. Assim como quase toda a troca entre Gab e Perdicas na cena seguinte. Caramba, gostaria de ver o original.

No roteiro, quando os arqueiros atacam, Perdicas mal salva Gabrielle de ser atingida por uma flecha e diz para ela se proteger, já que aparentemente ela é muito tola para se proteger de perigos óbvios. A fala de Perdicas enquanto ele atira no arqueiro — “Isso é pelo meu amigo!” — não está no roteiro.

Quando Xena e Gab caminham juntas, falando sobre o pedido de Helena para ser devolvida a Menelau, o pequeno aperto de mão de despedida não está no roteiro.

A caracterização de Xena de Deífobo como um “oportunista sugador de escória” durante seu confronto na prisão não está no roteiro; em vez disso, ela simplesmente pergunta a Deífobo o que ele ganha com tudo isso.

Quando Perdicas diz a Gab que está feliz por terem se encontrado novamente, ela “sorri, um pouco envergonhada, mas muito encantada por ele.”

Fora dos portões, Perdicas salta do cavalo logo após Xena; o grande salto de Gabrielle imediatamente depois não está no roteiro. No roteiro, após Xena e Perd saltarem do cavalo, um soldado grego levanta sua espada atrás de Perdicas, mas Gabrielle o acerta com seu bastão. Cena “se amplia para incluir Gabrielle enquanto ela fica de pé diante do soldado grego, meio orgulhosa, meio petrificada. Ela sorri para Perdicas que olha para ela, incrédulo. Gabrielle responde com um encolher de ombros.” [Nota: Gab luta bastante na versão televisiva, quase nada do qual é indicado no roteiro.]

A sugestão de Xena ao soldado grego ferido, “Corram por suas vidas miseráveis,” não está no roteiro.

Na versão televisiva, Xena coloca a coroa de Helena no Deífobo inconsciente; no roteiro, é um dos véus de Helena. Em vez de dizer, “Muito bom,” ela diz, “Deixe ele tentar explicar isso.”

A troca final entre Gab e Perdicas começa com,

Gabrielle: “Então, para onde você vai agora?”

Perd: “Não sei. Pensei que poderia ver o mundo.”

Gabrielle: “Isso parece divertido.”

Sua previsão de que eles se verão novamente algum dia é seguida por um abraço, não por outro beijo nauseante.

O abraço final entre Xena e Helena é descrito como um “abraço fraternal.”

Análise do Episódio

No episódio “Presente de Grego” da série Xena: A Princesa Guerreira, somos confrontados com uma narrativa que mistura mitologia, aventura e questões contemporâneas sobre gênero e relacionamentos. Este episódio é notável tanto por seus momentos de alta tensão dramática quanto por suas escolhas controversas no que diz respeito à representação de personagens femininas e dinâmicas de relacionamento.

O episódio começa com a introdução de Helena, frequentemente retratada como uma esposa troféu, cuja escolha pessoal desencadeou uma guerra de dez anos entre Grécia e Tróia. Este conflito, originado por motivos superficiais e permeado por uma visão machista, serve de pano de fundo para a trama. Gabrielle, movida pela curiosidade e admiração pela história de Helena e Páris, deseja atravessar o território troiano, enquanto Xena, consciente dos perigos, prefere evitar tal caminho. No entanto, a determinação de Gabrielle leva a um encontro inesperado: um mensageiro anuncia que Helena deseja encontrar-se com Xena, levantando a questão de como a notoriedade de Xena como mercenária poderia penetrar as proteções em torno da rainha de Tróia.

Este episódio também reintroduz Perdicas, um antigo amor de Gabrielle, cuja aparição desperta reações mistas. A indiferença inicial de Gabrielle ao reencontrar Perdicas questiona a profundidade de seus sentimentos passados e a importância de Perdicas em sua vida.

A narrativa tenta, então, forçar uma conexão romântica entre Gabrielle e Perdicas, uma decisão que parece deslocada diante da complexidade das relações e orientações sexuais dos personagens. Steven Sears, em suas declarações sobre a série, nega a intenção de retratar Gabrielle estritamente como heterossexual, mesmo que a dinâmica entre ela e Perdicas possa sugerir o contrário. As interações entre Gabrielle e Perdicas são marcadas por uma falta de profundidade e reciprocidade, com Perdicas tratando Gabrielle de maneira protetora, refletindo a forma como outros personagens masculinos veem Helena.

A trajetória de Perdicas, especialmente em episódios subsequentes, revela suas limitações como guerreiro, contrastando com a percepção inicial de Gabrielle sobre ele. Este contraste destaca a evolução de Gabrielle de uma jovem ingênua para uma personagem mais complexa e autônoma.

O episódio deixa um questionamento intrigante: se Helena nunca tivesse enviado o bilhete e Xena seguisse seus instintos, evitando Tróia, o destino de Perdicas teria sido diferente? E qual seria o impacto na jornada de Gabrielle?

(Por: Amanda Perbeline)

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